Dados do Trabalho
Título
Deficiência de Ferro e Desempenho Esportivo: Revisão Integrativa em Atletas de Alto Rendimento
Introdução e Objetivo
A anemia ferropriva é uma condição prevalente entre atletas de alto rendimento, especialmente em esportes de resistência, e pode comprometer significativamente o desempenho atlético. A deficiência de ferro afeta o transporte de oxigênio, a capacidade aeróbica e a função muscular, agravando a fadiga e reduzindo a resistência física. O objetivo deste estudo é revisar a literatura recente sobre a anemia ferropriva em atletas, destacando seus efeitos no desempenho esportivo e as estratégias de tratamento mais eficazes.
Casuística e Método
Foi realizada uma revisão integrativa da literatura na base de dados PUBMED em setembro de 2024. Utilizaram-se os termos ((athletes OR "sports”) AND ("anemia"), abrangendo estudos publicados entre 2014 e agosto de 2024. Os filtros para a pesquisa utilizados foram Meta-Analysis, Randomized Controlled Trial, Review e Systematic Review. Critérios de inclusão foram estudos em praticantes de atividade física ou atletas, anemias relacionadas ao exercício ou a fatores nutricionais. Critérios de exclusão foram anemias secundárias a outras patologias não-relacionadas, estudos em indivíduos sedentários ou estudos em animais.
Resultados
Dos 152 artigos inicialmente identificados, 48 estudos foram selecionados pelo título, 5 estudos foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão, e outros 8 estudos foram selecionados como contra-referências dos anteriores, resultando em 35 artigos incluídos na revisão final.
Discussão
Os estudos revisados indicam que a anemia ferropriva é um fator limitante para o desempenho atlético, principalmente em mulheres. A deficiência de ferro compromete a função mitocondrial e reduz a resistência muscular, afetando o desempenho em esportes de resistência. Os achados indicam que a deficiência de ferro sem anemia é frequente, especialmente entre atletas do sexo feminino e de esportes de resistência, com prevalência variando de 15 a 35%.
O tratamento com suplementação de ferro, tanto oral quanto intravenosa, demonstrou benefícios, embora o manejo precise ser personalizado. A hepcidina, peptídeo hepático regulador da absorção de ferro, aumenta com o exercício intenso em algumas situações, prejudicando a absorção dos suplementos orais. A suplementação intravenosa é uma opção relevante em casos graves ou de má resposta ao tratamento oral, proporcionando reposição rápida e melhora de cerca de 49% no VO2 máximo e 93% no tempo de exaustão. Desta forma, o monitoramento regular dos níveis de ferritina é fundamental para prevenir a deficiência de ferro e garantir o desempenho otimizado.
Conclusão
A anemia ferropriva e a deficiência de ferro sem anemia são condições comuns entre atletas, impactando negativamente o desempenho esportivo. A suplementação de ferro, especialmente em regimes individualizados, mostrou-se eficaz na melhora da capacidade aeróbica e do tempo de exaustão. O tratamento deve ser adaptado às necessidades específicas do atleta, com monitoramento regular de indicadores hematológicos para evitar deficiências que possam comprometer a saúde e o rendimento atlético.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
EPM / UNIFESP - São Paulo - Brasil, OSEC / UNISA - São Paulo - Brasil
Autores
Ana Beatriz Silva Bedin, Alessandra Bedin Pochini, Alberto Castro Pochini