Dados do Trabalho


Título

Deficiência Energética Relativa no Esporte (RED-S): Avaliação da amenorreia hipotalâmica funcional nas atletas.

Introdução e Objetivo

Deficiência energética relativa no esporte (RED-S) é uma síndrome causada pela ingestão insuficiente de energia dietética e excessivo gasto energético do exercício. Tal condição resulta na baixa disponibilidade de energia (LEA) que compromete as funções metabólicas, reprodutivas, imunes, cardiovasculares, musculoesqueléticas e neurocognitivas. A LEA causa diminuição da pulsatilidade do hormônio liberador de gonadotrofina, ocasionando a supressão do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, e consequente diminuição de estrógeno e progesterona, disfunção conhecida como amenorreia hipotalâmica funcional (FHA). Os quadros de amenorreia primárias e secundárias constituem a RED-S nas mulheres atletas e a longo prazo causam prejuízos como diminuição da densidade óssea, disfunção endotelial e infertilidade. Este estudo tem como objetivo avaliar a prevalência de amenorreia nas atletas e estabelecer os padrões associados a esse distúrbio.

Casuística e Método

Revisão integrativa no indexador PubMed entre 2019 e 2024, em inglês, utilizando os descritores “Amenorrhea” e “Athletes”. Encontrados 109 artigos, foram selecionadas 11 referências com os critérios de inclusão: abordagem da prevalência de amenorreia nas atletas de diversos esportes e as consequências da LEA. Excluíram-se estudos que não abordavam amenorreia na RED-S.

Resultados

A presença de distúrbios menstruais em esportistas, considerando o perfil físico, é predominante em praticantes de esportes magros e com alto volume de treinamento semanal (19%) equiparada a não magros (4,1%). Em relação ao perfil etário, com maior frequência são jovens (67%) quando comparadas às mulheres maduras (9%). Estudos evidenciaram amenorreia primária com diferentes prevalências como 11,3% em atletas de elite, 25% ginastas, 20% em jogadoras de futebol e em 10,58% das atletas a menarca ocorreu acima dos 15 anos. Já na amenorréia secundária constatou-se prevalências como 32,1% nas atletas de elite, 56% em ciclistas e 31% em ginastas. Alterações são encontradas também em atletas recreativos, corredoras apresentaram 15,21% distúrbio menstrual por mais de 3 meses. Prejuízos à saúde como lesões ósseas são mais incidentes, sendo que 5 de 9 atletas com fraturas por estresse apresentavam amenorréia secundária. De acordo com estudo, apenas 5,56% das mulheres pesquisadas sabiam descrever corretamente a síndrome da atleta feminina.

Discussão

Os estudos apresentaram concordância sobre prevalência de distúrbios menstruais em atletas praticantes de esportes magros e com alto volume de treinamento semanal, pois exigem baixo percentual de gordura corporal e alto gasto energético. Ainda, demonstraram consonância da maior frequência em jovens, decorrente da maior demanda reprodutiva. Houve divergência entre as taxas de amenorréia primária, variando de 11,3% a 25%, bem como de amenorréia secundária oscilando entre 15,8% e 56%, sendo essas variações decorrentes de diferentes modalidades esportivas. Em conformidade ao esperado, os artigos evidenciaram mais lesões ósseas em atletas com alterações do ciclo menstrual, devido à diminuição da densidade mineral. Por fim, ainda há discordância em relação à ocorrência dos distúrbios em atletas amadoras e entusiastas.

Conclusão

A FHA é um componente da síndrome da RED-S com quadros clínicos de amenorreia primária e secundária mais prevalentes em atletas praticantes de esportes magros e jovens. Apesar de frequente e das consequências significativas na saúde feminina, os distúrbios são pouco conhecidos, necessitando de conscientização entre as atletas.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Jean Soares Aguilera, Larissa Moço Bravin, Nayara Fernandes Sanchez, Kelson Koiti Ogata