Dados do Trabalho


Título

O Impacto da Baixa disponibilidade energética na Tríade da mulher atleta

Introdução e Objetivo

A Tríade da Mulher Atleta (TMA) é uma condição amplamente discutida na medicina esportiva, caracterizada pela interrelação entre baixa disponibilidade energética (BDE), disfunção menstrual e redução da saúde óssea. Pode evoluir para a Síndrome de Deficiência Energética Relativa no Esporte (RED-S), afetando várias funções fisiológicas, como saúde cardiovascular e imunológica. A conscientização sobre os efeitos da BDE é crucial para atletas femininas, que são mais vulneráveis devido às demandas energéticas combinadas com restrições alimentares e treinamento intenso.
A presente revisão sugere que a baixa disponibilidade energética é central na etiologia da TMA e RED-S, com impactos diretos no desempenho atlético e na saúde geral das atletas. Intervenções nutricionais e educativas adequadas podem prevenir ou mitigar esses impactos. O aumento da incidência de BDE entre atletas femininas e a dificuldade no diagnóstico precoce justificam uma revisão que compila as evidências atuais sobre os efeitos da BDE na TMA. Essa revisão é relevante à medida que a medicina esportiva adota práticas baseadas em evidências para melhorar tanto o desempenho quanto a saúde dessas atletas a longo prazo. O objetivo desta revisão é analisar os efeitos da baixa disponibilidade energética na TMA, suas consequências fisiológicas, endócrinas e psicológicas, além de avaliar estratégias preventivas, focadas em educação nutricional e acompanhamento psicológico, para mitigar esses efeitos em atletas femininas.

Casuística e Método

Foi realizada uma revisão da literatura na base de dados MEDLINE PubMed, utilizando os descritores “low energy availability” e “female athlete triad”. Para refinar os resultados, foram aplicados os filtros “free full text”, “review” e “systematic review”. A busca resultou em 13 artigos, dos quais 6 foram excluídos, restando 7 estudos que foram analisados integralmente nesta revisão.

Resultados

Os estudos analisados indicam que a BDE provoca adaptações fisiológicas em diversos sistemas do organismo para tentar manter o equilíbrio biológico. No entanto, ainda não há consenso sobre os efeitos a longo prazo da BDE e as possíveis sequelas associadas. Não existe um valor preciso de DE considerado universalmente insuficiente, pois os critérios variam de acordo com o sexo, idade e o tipo de esporte praticado. Além disso, a falta de conhecimento por parte de atletas e treinadores sobre nutrição adequada, juntamente com a pressão para manter uma imagem corporal ideal e o perfeccionismo no desempenho, foi fortemente correlacionada com a ocorrência de BDE na TMA.

Discussão

A revisão dos estudos revelou que a BDE desempenha um papel central na etiologia da TMA e RED-S. A deficiência energética prolongada resulta na supressão do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, levando a disfunções menstruais, como amenorreia hipotalâmica. A saúde óssea também é prejudicada, com um aumento no risco de fraturas e na perda de densidade mineral óssea. Embora os efeitos deletérios da BDE sejam claros, os estudos também indicam que intervenções educacionais e nutricionais adequadas podem prevenir ou mitigar esses impactos. A importância de programas educacionais voltados para atletas, treinadores e profissionais de saúde foi destacada, com ênfase na conscientização sobre a ingestão calórica adequada e no suporte psicológico como fatores fundamentais para o desempenho esportivo e a saúde a longo prazo.

Conclusão

Em resumo, é fundamental que o diagnóstico precoce da BDE seja uma prioridade para conter seus efeitos adversos, que são um dos pilares da TMA, de forma a prevenir consequências graves para a saúde e desempenho das atletas.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade de Marília - São Paulo - Brasil

Autores

Maria Luiza Cesto Parussolo, Antony Oliveira Silva , Najwa Osman, Marina Ribas Losasso, Luccas Braz Pires Paraguassú de Souza, Karina Torres Pomini