Dados do Trabalho

Título

Desafios e Benefícios do Atendimento Ambulatorial em Medicina Esportiva no Brasil

Introdução e Objetivo

A Medicina do Esporte (M.E) é uma especialidade médica recém desenvolvida, ainda que a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício tenha sido criada em 1962 e o programa de residência para a especialidade em 2005. A área visa, através do esporte e de hábitos saudáveis, prevenir, atenuar e tratar questões ligadas ao esporte ou distúrbios crônicos, levando a uma melhora na qualidade de vida de forma menos medicamentosa. Nesse sentido, o seguinte estudo visa analisar os dados epidemiológicos disponíveis de um dos primeiros ambulatórios de M.E, de Belo Horizonte, inaugurado em 2024.

Casuística e Método

Os dados foram coletados a partir da análise de prontuários dos atendimentos ocorridos entre os meses de fevereiro e agosto de 2024, no Ambulatório de M.E de um serviço de saúde suplementar. Foram extraídos para análise a idade dos pacientes, queixa principal, exames solicitados durante o atendimento, data programada de retorno, suplementação prévia, encaminhamentos realizados e conduta. Foram consideradas para a amostra apenas as primeiras consultas.

Resultados

Dos 138 prontuários de primeira consulta, a grande maioria dos pacientes possuía de 30 a 49 anos, sendo 47,10% dos pacientes. Ademais, pacientes acima dos 60 anos representaram 18,84% do total, decorrente principalmente da epidemiologia deste plano e do envelhecimento populacional. Dentre os principais motivos da consulta, encontram-se orientações gerais sobre atividade física (22,46%), dor articular, seja ela em coluna lombar, joelho, tornozelo, ou quadril (18,12%) e avaliação pré-participação (16,67%). 22 pacientes (15%),procuraram ajuda do médico do esporte na avaliação da composição corporal e avaliação de exercícios ideais na ajuda para emagrecer. Os principais exames solicitados foram exames de sangue (12,32%) e teste ergométrico (10,14%), porém a grande maioria das consultas (65,94%) não necessitou de exames complementares, o que traz uma grande vantagem à operadora do ponto de vista financeiro. Apesar de ser exame incluso no ROL da ANS e bastante importante na M.E, apenas 5% dos casos houve solicitação de teste cardiopulmonar e as indicações foram: avaliação pré participativa em coronariopatas, pneumopatas e avaliação de pessoas com dificuldade de progressão de exercícios aeróbicos ou suspeita de alguma limitação cardiopulmonar. Cerca de 42,75% dos pacientes suplementavam Creatina, e 51,45% não utilizavam nenhum suplemento. Por fim, 55,80% dos pacientes não precisaram de encaminhamento, 23,91% foram encaminhados à nutrição e 7,25% foram encaminhados à fisioterapia.

Discussão

percebe-se que a grande maioria dos pacientes possuem mais de 30 anos, demonstrando que a faixa etária que mais busca o atendimento do médico do esporte são pessoas de faixas etárias mais altas. Diversos pacientes procuraram atendimento médico com médico do esporte em busca de melhora da qualidade de vida, relacionada principalmente com orientações em relação ao exercício físico ideal e como iniciar a prática com segurança. Vale ressaltar que a M.E é uma especialidade médica reconhecida pelo CFM e pouco conhecida, pois existem poucos profissionais com esta especialidade, desconhecimento da população e de outros profissionais de saúde sobre a existência da especialidade e dificuldades de credenciamento em planos de saúde.

Conclusão

A M.E possui diversas interseções com outras áreas da medicina, incluindo mas não limitado à: ortopedia, nutrologia e cardiologia. Espera-se que ao longo dos anos a especialidade se popularize cada vez mais, e que sua área de atuação fique melhor delimitada, permitindo uma atuação mais direcionada e especializada do médico do esporte, não apenas aos atletas profissionais, mas para a população em geral.