Dados do Trabalho


Título

VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDIACA E SEU POTENCIAL NO TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Introdução e Objetivo

A análise da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é um método não invasivo, rápido e custo-efetivo para avaliar a função do sistema nervoso autônomo cardiovascular. A VFC tem sido proposta para monitorar fadiga e prever mudanças nos parâmetros de desempenho no exercício. O aumento da VFC em repouso tem sido associado a adaptação positiva ao treinamento de resistência.

Casuística e Método

Foi realizada uma revisão bibliográfica narrativa através do PubMed, utilizando a seguinte estratégia: (("Heart Rate Variability"[Title/Abstract] OR HRV[Title/Abstract]) AND "endurance"[Title/Abstract])), com, inicialmente, 374 resultados. Aplicados os filtros “Abstract, in the last 10 years, English, Humans”, resultando em 91 artigos. Após leitura dos títulos e resumos, 30 artigos foram considerados pertinentes, e incluídos na análise deste estudo.

Resultados

Quinze artigos analisaram a VFC em corrida. Três analisaram os efeitos da ultramaratona sobre a VFC, observando redução dos índices imediatamente após, mas retornando a níveis basais 2 dias após a competição. Nove estudos avaliaram os efeitos do treinamento de corrida sobre a VFC, concluíndo: 1- treino noturno, mesmo intenso, não parece influenciar a VFC durante o sono; 2- há diminuição na VFC após as sessões de corrida, sejam treino leve, moderado ou intenso, ou após 60 minutos em ritmo de meia maratona; 3 - indivíduos com VFC de baixa frequência (LF) parecem responder melhor ao aumento do volume de treinamento de baixa intensidade em comparação com indivíduos com alta frequência (HF), melhorando a velocidade máxima de corrida; 4– independente da modalidade (velocidade ou resistência), atletas master apresentaram maior média de VFC que jovens não atletas. Em atletas de resistência de meia idade, a VFC (em repouso e imediatamente após o exercício) foi mais elevada; 5 - após 4 semanas sem treinamento, em corredores profissionais, há uma provável diminuição na VFC. Três estudos utilizaram a VFC para guiar a intensidade do treinamento de resistência e identificaram que, mesmo apresentando menor número de treinos intensos, apresentaram melhor desempenho no teste de 3000m após 8 semanas.
Quinze estudos analisaram a VFC em outras modalidades de resistência (ciclismo, triathlon, natação, remo, esqui.) e foram observados diversos padrões de respostas ao treinamento. Os atletas apresentaram maior VFC em repouso. O treinamento intenso e o estado de sobrecarga funcional resultaram em menor VFC, sugerindo utilidade do monitoramento para evitar impacto negativo no desempenho. A VFC retorna a níveis normais em até 48 horas pós-exercício, embora em eventos de ultrarresistência pode ser mais demorado. Analisando nadadores e esquiadores, evidenciou-se que o controle de carga baseado na VFC é eficiente na prevenção de sobrecarga funcional e na otimização da recuperação. Além disso, fatores como gênero e idade influenciam a VFC, e os parâmetros em mulheres que se dedicam ao exercício sugerem benefícios cardioprotetores, enquanto outro identificou que homens tendem a ter maior atividade simpática e maior risco de complicações cardíacas.

Discussão

Foi observado aumento da VFC em repouso em atletas experientes, sugerindo melhor capacidade de recuperação e adaptação ao estresse físico. Monitorar a VFC pode permitir individualizar treino, minimizando os riscos associados à sobrecarga de treinamento e maximizando os benefícios cardiovasculares e de desempenho.

Conclusão

A VFC se mostra uma ferramenta útil para ajustar cargas de treino, monitorar recuperação e prevenir sobrecarga de treinamento, sendo um indicador valioso da saúde autonômica de atletas de resistência.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Disc. Med. Esportiva - EPM/UNIFESP - São Paulo - Brasil, Nutrology Academy - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Joyce Rodrigues Façanha, João Dantas Carvalho Junior, Jean Marc Vinagre Prado Oliveira, Sandra Martins Valerio, Guilherme Vieira Giorelli, Alessandra Bedin-Pochini