Dados do Trabalho

Título

ANÁLISE DA MORBIDADE HOSPITALAR NO SUS ASSOCIADA À OBESIDADE NO ESTADO DO PARÁ DE 2008 A 2024

Introdução e Objetivo

A morbidade hospitalar reflete diretamente o estado de saúde de uma população e a demanda por serviços de internação. No Pará há significativas internações relacionadas a condições que afetam a prática de atividades físicas, incluindo a obesidade. Esse problema, amplamente associado a complicações articulares e metabólicas, contribui para o aumento das internações. Fatores como políticas públicas de saúde e mudanças no perfil epidemiológico, destacam a necessidade de estratégias preventivas. Este estudo visa analisar os dados de morbidade hospitalar do SUS da Obesidade no estado do Pará, cobrindo o período de 2008 à julho de 2024, com foco nas internações relacionadas a condições que impactam diretamente a prática de atividades físicas.

Casuística e Método

Foi realizado um estudo descritivo e quantitativo, utilizando dados obtidos do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) via TabNet, DATASUS. Foram coletados dados sobre o número de internações por Obesidade no período que compreende 2008 até julho de 2024, detalhando-se o ano de internação, número de internações, características demográficas, além de uma análise estatística das notificações do período.

Resultados

O total de internações no período foi de 1.122 casos, com variação anual significativa. Nos primeiros anos, observou-se um aumento gradativo, alcançando um pico em 2013, com 90 internações. A partir de 2014, os números começaram a declinar, atingindo o ponto mais baixo em 2017, com apenas uma internação registrada. No entanto, após 2020, os dados revelam uma tendência de crescimento, culminando em 370 internações em 2024, possivelmente refletindo o impacto de novos fatores de risco ou mudanças nos padrões de adoecimento e de internação. Quanto ao sexo, houve 158 internações do sexo masculino e 964 do sexo feminino.

Discussão

A análise dos dados de morbidade hospitalar do SUS no Pará, de 2008 a 2024, revela uma média anual de 65,82 internações, com um desvio padrão bastante elevado de 91,65. Esse desvio padrão expressivo indica que houve grande variação nos números ao longo dos anos, com períodos de alta concentração de internações, alternados com anos de incidência muito baixa. Alguns fatores podem explicar essa variação. O pico de internações em 2013 (90 casos) e o aumento expressivo em 2024 (370 casos) podem refletir mudanças no perfil epidemiológico da população, crises de saúde pública ou políticas de saúde que afetaram diretamente o acesso aos serviços hospitalares. Em contrapartida, o período de 2016 a 2017 apresentou uma queda acentuada, com apenas 1 internação registrada em 2017, o que pode sugerir subnotificação, melhora das condições de saúde, ou implementação de políticas preventivas mais eficazes. No período pós pandemia, há um aumento expressivo no número de casos de morbidade hospitalar, com 219 casos em 2023 e 370 casos em 2024. Este aumento é de mais de 23 vezes em relação a 2022 e de mais de 92 vezes em relação a 2019. Quanto ao sexo, houve maior incidência no sexo feminino, representando 86% do total de internações. Em relação a faixa etária, houve predomínio das internações de indivíduos com 30 a 49 anos, representando 68% das internações. O desvio padrão de 91,65 também aponta que o comportamento dos dados não é uniforme ao longo dos anos, sugerindo que fatores externos e sazonais podem estar influenciando a necessidade de hospitalizações.

Conclusão

Os resultados destacam a importância de uma investigação mais detalhada sobre as causas dessas flutuações e apontam para a necessidade de estratégias preventivas específicas que possam reduzir os picos de internações hospitalares. No contexto da Medicina do Exercício, compreender essas variações pode auxiliar na promoção de práticas físicas mais seguras e na elaboração de políticas públicas voltadas à prevenção de condições que impactam diretamente a saúde da população.