Dados do Trabalho


Título

Pode a fadiga muscular do core afetar a aterrissagem? Uma comparação entre corredoras com e sem valgo dinâmico do joelho.

Introdução e Objetivo

A fase de apoio da corrida está relacionada à maioria das lesões de membros inferiores e pode ser simulada por meio de testes funcionais que avaliam o controle postural dinâmico. A ineficiência no controle neuromuscular do tronco tem sido vinculada ao déficit no controle dinâmico dos membros inferiores, predispondo atletas de corrida a lesões. Este déficit pode ter maior impacto em corredores com valgo dinâmico de joelho. O objetivo do estudo foi comparar o efeito da fadiga do core nos parâmetros cinéticos, cinemáticos e eletromiográficos dos membros inferiores e tronco durante a aterrissagem entre corredoras com e sem valgo dinâmico do joelho.

Casuística e Método

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Uberlândia e todas as participantes admitidas no estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Os critérios de inclusão foram corredoras recreativas do sexo feminino, com idade entre 20 a 35 anos, que corriam até 25 km/ semana. Os critérios de exclusão foram lesão musculoesquelética nos últimos três meses; histórico de dor no joelho ou dor lombar; cirurgias antecedentes nos membros inferiores e tronco; cardiopatias; disfunções do sistema nervoso; índice de massa corporal > 30 kg/m²; e incapacidade de realizar ou sentir dor durante os procedimentos da pesquisa. Vinte e sete corredoras recreativas foram alocadas nos grupos valgo (n=14) e não valgo (n=13) de acordo com o desempenho no step-down test. As participantes também realizaram o single-leg drop-landing antes e após o protocolo de fadiga muscular do core. As seguintes variáveis foram analisadas durante o teste: força de reação vertical do solo, ângulos articulares nos planos sagital e frontal e atividade eletromiográfica dos músculos tibial anterior, gastrocnêmio medial, vasto medial oblíquo, vasto lateral, bíceps femoral, semitendinoso, sóleo, glúteo médio e glúteo máximo. A integral da atividade eletromiográfica foi calculada em três fases: a primeira fase, 100 milissegundos antes do início do movimento; a segunda fase, do início do movimento ao pico de flexão do joelho (excêntrica); e a terceira fase, do pico de flexão do joelho ao final do movimento (concêntrica).

Resultados

Após a fadiga, ambos os grupos apresentaram redução dos ângulos mínimo e máximo do joelho no plano frontal (maior valgo dinâmico do joelho) e maior atividade do glúteo médio na terceira fase. O grupo valgo apresentou maior excursão angular do quadril no plano sagital e maior deslocamento linear vertical do ombro comparado ao grupo não valgo.

Discussão

Esses achados confirmam parcialmente a hipótese de que corredores com e sem valgo dinâmico do joelho apresentariam diferenças nos parâmetros biomecânicos durante a aterrissagem, independente do estado de fadiga e que, uma vez fatigados, essas diferenças seriam acentuadas.

Conclusão

Conclui-se que a fadiga do core pode impactar não apenas a musculatura local, mas também a articulação distal e os grupos apresentam estratégias diferentes para lidar com a demanda durante a aterrissagem.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade Federal de Uberlândia - Minas Gerais - Brasil

Autores

Gina Olívia Brigido da Costa Curi, Franciele Dias Costa, Victor de Souza Medeiros, Vinícius Dias Barbosa, Thiago Ribeiro Teles Santos, Valdeci Carlos Dionisio