Dados do Trabalho
Título
Efeito da fadiga muscular do core no desempenho, cinemática e eletromiografia do salto horizontal de corredoras recreativas com e sem valgo dinâmico do joelho
Introdução e Objetivo
Corredores comumente experimentam um estado de fadiga durante os treinos e competições, o qual parece influenciar na biomecânica do movimento. A força e resistência do core parecem ser importantes para a estabilidade do tronco e dos membros inferiores durante tarefas dinâmicas e funcionais, como o single-leg hop test for distance (SLHD). Esse teste pode simular os desafios que ocorrem na corrida. O objetivo do estudo foi comparar os parâmetros cinemáticos, eletromiográficos e o desempenho entre corredoras recreativas com e sem valgo dinâmico do joelho (VDJ) durante o SLHD antes e após a execução de um protocolo de fadiga do core.
Casuística e Método
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Uberlândia e todas as participantes admitidas no estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Os critérios de inclusão foram corredoras recreativas do sexo feminino, com idade entre 20 a 35 anos, que corriam até 25 km/ semana. Os critérios de exclusão foram lesão musculoesquelética nos últimos três meses; histórico de dor no joelho ou dor lombar; cirurgias antecedentes nos membros inferiores e tronco; cardiopatias; disfunções do sistema nervoso; índice de massa corporal > 30 kg/m²; e incapacidade de realizar ou sentir dor durante os procedimentos da pesquisa. Foram selecionadas 38 corredoras recreacionais, divididas em grupos com (GV: n=17) e sem VDJ (GNV: n=21). A cinemática (deslocamento triaxial do tronco e os ângulos do quadril, joelho e tornozelo nos planos sagital e frontal), a atividade eletromiográfica dos músculos tibial anterior (TA), gastrocnêmio medial (GM), vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral (VL), bíceps femoral (BF), semitendinoso (ST), sóleo (SO), glúteo médio (GMED) e glúteo máximo (GMAX), e a distância horizontal alcançada foram avaliados durante o SLHD. A integral da atividade eletromiográfica (iEMG) foi analisada em cinco fases do movimento definidas com base no deslocamento angular do joelho, sendo elas: fase de preparação para o salto, fase excêntrica para decolagem, fase concêntrica da decolagem ou fase propulsiva, fase excêntrica da aterrissagem e fase concêntrica da aterrisagem.
Resultados
Após a fadiga, as corredoras alcançaram uma distância de salto menor, modificaram a cinemática (maior abdução do quadril, adução de joelho e deslocamento do tronco em direção ao membro inferior de apoio) e reduziram a iEMG do BF durante a fase preparatória do salto. O GV apresentou maior ativação dos músculos VL e ST na fase preparatória do salto que o grupo GNV, independente do momento avaliado.
Discussão
Esses achados confirmam parcialmente a hipótese de que a fadiga do core produziria alterações nos parâmetros biomecânicos e desempenho do teste funcional, com maior evidência no grupo de corredoras recreativas com VDJ em comparação com às que não possuem VDJ.
Conclusão
Conclui-se que a fadiga do core altera o desempenho e impacta a estratégia cinemática e eletromiográfica adotada durante o salto horizontal de corredoras. Independente da fadiga do core, corredoras com VDJ recrutam mais músculos que cruzam o joelho possivelmente para contribuir com a estabilidade de joelho necessária antes de realizar o salto.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Gina Olívia Brigido da Costa Curi, Franciele Dias Costa, Victor de Souza Medeiros, Vinícius Dias Barbosa, Thiago Ribeiro Teles Santos, Valdeci Carlos Dionisio