Dados do Trabalho

Título

Impacto do Overtraining no Bem-Estar Psicológico de Atletas

Introdução e Objetivo

O exercício físico é amplamente reconhecido por seus benefícios à saúde mental. Atletas de alta performance estão expostos a diferentes riscos de desenvolver transtornos psicológicos. Estudos confirmam a prevalência de depressão, ansiedade e transtornos alimentares em atletas de alto nível, de acordo com a CID-11, Classificação Internacional de Doenças, 11ª Revisão. O fenômeno do overtraining, associado ao desequilíbrio entre a demanda física e o tempo de recuperação, pode levar à síndrome de overtraining prolongado (SGO), caracterizada por fadiga persistente e declínio tanto no desempenho físico quanto mental. Essa condição pode comprometer significativamente o bem-estar psicológico dos atletas, especialmente quando o esforço excessivo e a falta de recuperação adequada são mantidos por longos períodos. Esse estudo tem como objetivo analisar o impacto do overtraining no bem-estar psicológico de atletas de alto desempenho, investigando a prevalência de transtornos mentais, de acordo com os critérios da CID-11. Além disso, busca-se identificar a relação entre os fatores de risco relacionados à prática de treinos de grande volume e a falta de recuperação adequada.

Casuística e Método

Entre os estudos analisados, foi observada uma prevalência de 25-40% de desordens psicológicas entre atletas que apresentaram sinais clínicos de overtraining. Os grupos mais afetados incluíam atletas de longa distância, com idades variando de 18 a 35 anos e com volume semanal de treino superior a 15 horas. A maioria dos casos estava associada a períodos de alta intensidade sem tempo adequado de recuperação, o que foi um fator determinante para o surgimento de transtornos psicológicos. A metodologia consiste em uma narrativa baseada em revisões sistemáticas, reunindo evidências sobre as perturbações mentais em atletas, segundo critérios da CID-11. Foram realizadas buscas em bases de dados como Cochrane e PubMed, utilizando palavras-chave relacionadas ao overtraining, saúde mental e atletas de alta performance. A amostra consistiu em uma leitura de 11 artigos e 6 foram utilizados nessa análise, abrangendo uma variedade de modalidades esportivas e diferentes níveis de performance.

Resultados

Os estudos identificados nesta revisão confirmam uma relação significativa entre overtraining e a ocorrência de desordens psicológicas em atletas. Aqueles submetidos a treinos intensivos com períodos de recuperação inadequados apresentaram maior risco de desenvolver transtornos como ansiedade, depressão e síndrome de burnout. Esses efeitos são particularmente evidentes em esportes de longa duração e alta intensidade, sugerindo que a sobrecarga física impacta negativamente tanto o desempenho físico quanto o bem-estar mental.

Discussão

A discussão destaca a importância de tratar o overtraining com maior cuidado no planejamento de treinos, incorporando estratégias preventivas para proteger a saúde mental dos atletas. A recuperação adequada e intervenções psicológicas são cruciais para evitar os impactos negativos do esforço excessivo. Estudos como o de Baron et al. (2013) sugerem que o acompanhamento psicológico contínuo deve ser parte integral da preparação dos atletas, para detectar precocemente sinais de declínio mental. A abordagem deve ser multidisciplinar, envolvendo médicos do esporte e psicólogos, com foco tanto na recuperação física quanto no bem-estar emocional dos atletas.

Conclusão

O overtraining pode ter sérias consequências para a saúde mental dos atletas, exacerbando transtornos psicológicos e prejudicando o desempenho esportivo. A pressão contínua por resultados, combinada com a falta de descanso, pode comprometer o bem-estar emocional, sugerindo a necessidade de estratégias de prevenção, intervenção e acompanhamento psicológico no ambiente esportivo. Isso inclui, especialmente, a implementação de programas de rastreamento e suporte psicológico para prevenir os impactos negativos do overtraining na saúde mental dos atletas.