Dados do Trabalho
Título
Desempenho muscular de homens e mulheres corredores de 20 a 70 anos
Introdução e Objetivo
A sarcopenia é uma desordem músculo esquelética caracterizada por perda gradual de força e qualidade muscular, que ocorre ao longo do envelhecimento. A incidência é maior entre as mulheres do que entre homens (17% vs 12%, respectivamente). Tradicionalmente, exercícios de fortalecimento têm sido recomendados para prevenção da sarcopenia, mas atividades com predomínio de metabolismo aeróbio, também têm mostrado efeito positivo na força muscular. No entanto, não se sabe como ocorre a evolução da força muscular entre corredores homens e mulheres.
O objetivo do presente estudo foi verificar o efeito da idade e do sexo no desempenho muscular de homens e mulheres corredores de 20 a 70 anos.
Casuística e Método
Participaram do estudo 174 corredores de rua: 85 mulheres (idade: 45,7 14,1 anos, altura: 161 6 cm, massa corporal: 59,9 7,9kg) e 89 homens (idade: 45,8 12,1 anos, altura: 175 7 cm , massa corporal: 75,5 10,3 kg). Os participantes foram divididos: G1 (20-29 anos), G2 (30-39 anos), G3 (40-49 anos), G4 (50-59 anos), G5 (60-69 anos), G6 (70-79 anos). Todos foram submetidos a uma avaliação muscular isocinética dos músculos flexores e extensores dos joelhos por meio do dinamômetro isocinético (Biodex Medical Systems Inc., Shirley, NY, USA), e avaliação da composição corporal por meio do DXA (software versão 12.3, Lunar DPX, Wisconsin, EUA). O pico de torque (PT) relativo à massa corporal total (Nm/kg) e relativo à massa magra (Nm/kgMM) foram calculados.
Resultados
Considerando valores de pico de torque relativos a massa corporal total (Nm/kg), para músculos extensores de joelho observou-se que houve efeito do sexo [F(1,164)=64,5; p<0,001] e do grupo etário [F(4,164)=18,2; p<0,001], mas não houve efeito da interação [F(4,164)=0,5; p=0,722]. Com relação aos músculos flexores de joelho foi observado efeito do sexo [F(1,164)=26,8; P<0,001] e do grupo etário [F(4,164)=12,8; p<0,001] mas não houve efeito da interação [F(,164)=0,7; p=0,621].
Considerando valores relativos a massa magra de membros inferiores (NM/kgMM), para músculos extensores de joelho observou-se que houve efeito do sexo [F(1,144)=31,2; p<0,001] e do grupo etário [F(4,144)=6,1; p<0,001] mas não houve efeito da interação [F(4,144)=0,; p=0,956]. Com relação aos músculos flexores de joelho foi observado efeito do sexo [F(1,144)=12,5; p<0,001] e do grupo etário [F(4,144)=5,1; p<0,001] mas não houve efeito da interação [F(4,144)=0,6; p=0,698].
Discussão
Os resultados evidenciam que mesmo corrigindo os valores de pico de torque pela massa corporal, homens são mais fortes do que as mulheres em todas as faixas etárias e ocorre para ambos os sexos uma perda gradual de força, que é similar nos dois sexos.
Com relação à força corrigida pela massa magra, que é uma variável que indicada a capacidade de gerar torque daquele músculo, observa-se que também há um efeito do sexo, o que indica que a despeito dos homens terem maior massa muscular, o músculo deles também é capaz de gerar mais torque do que o músculo das mulheres. Possivelmente a diferente composição de fibras musculares que existe entre os sexos (mulheres têm mais fibras oxidativas) contribui para esse resultado. Além disso os resultados também evidenciaram que há um efeito da idade, ou seja, a qualidade do músculo piora ao longo do envelhecimento nos dois sexos. É possível que o infiltrado de gordura que ocorre no musculo ao longo do envelhecimento contribua para essa questão.
Conclusão
A perda de força muscular e de qualidade muscular ao longo do envelhecimento é similar em homens e mulheres corredores.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Lavínia Vivan, Vinicius Ribeiro dos Anjos Souza, Paulo Engelke, Lucca Vallini Lombardi, Marilia Santos Andrade