Dados do Trabalho


Título

Incidência de Lesões Musculoesqueléticas entre Gramados Naturais e Sintéticos durante a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol Profissional em 2024: Um Estudo Comparativo

Introdução e Objetivo

A escolha do tipo de gramado nos campos de futebol da Série A do Campeonato Brasileiro tem implicações significativas para a saúde e o desempenho dos atletas. O presente estudo investiga a frequência de lesões musculoesqueléticas em gramados naturais e sintéticos durante a temporada de 2024, com o objetivo de determinar se o gramado sintético está associado a um aumento de lesões, tempo de afastamento e se as transições entre diferentes tipos de gramado impactam essa frequência.

Casuística e Método

A metodologia envolveu a coleta de dados sobre os gramados utilizados em cada estádio, obtidos por meio de sites de fornecedores, clubes e responsáveis pela manutenção, além de informações sobre lesões coletadas a partir de súmulas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), noticiários esportivos e plataformas dos clubes. Foram analisadas 244 partidas até a 25ª rodada, de 38, organizando os dados em planilhas para facilitar a comparação e análise estatística.

Resultados

Os resultados mostraram que, dos 213 jogos em gramados naturais e 31 em sintéticos, ocorreram 73 lesões que resultaram em afastamentos: 56 em gramados naturais e 17 em sintéticos. O índice de lesões por jogo foi de 54,84% nos gramados sintéticos, enquanto nos naturais foi de 26,29%. Considerando traumas adversários e o histórico de lesões dos atletas, o impacto real foi de 41,94% para sintéticos e 14,08% para naturais.

Discussão

Em relação às lesões, as mais frequentes foram as de posterior da coxa e entorses de tornozelo, com 41,1% das lesões em gramados naturais sendo de posterior da coxa e 41,2% das lesões sintéticas correspondendo a entorses de tornozelo. Nos gramados naturais, a Perennial Ryegrass registrou 32,4% de lesões, enquanto a Bermuda Tifway 419 e a Grama Bermuda Celebration apresentaram 25,8% e 17,1%, respectivamente. Nos sintéticos, o Infill TPE teve um índice de 60%, seguido pela Grama Cool Play (50%) e Grama Geofill (45,5%).

As condições climáticas e o horário das partidas influenciaram a frequência das lesões. Não houve jogos em gramados sintéticos em temperaturas superiores a 30ºC, enquanto os naturais apresentaram 54,5% de lesões nessa faixa. As lesões foram mais comuns em jogos realizados pela manhã nos gramados naturais (57,1%), enquanto os sintéticos apresentaram índices similares nos turnos vespertino e noturno.

Os tratamentos das lesões também diferiram entre os tipos de gramado, com maior incidência de intervenções cirúrgicas em gramados naturais (16,9%) em comparação com os sintéticos (7,1%). A média de afastamento dos atletas foi maior nas lesões ocasionadas nos gramados naturais, com 8,81 semanas, enquanto nos sintéticos foi de 8 semanas.

A análise das transições entre gramados indicou que, embora houvesse igual número de transições entre gramados sintéticos e naturais, os clubes mandantes em gramados naturais sofreram mais lesões (54) do que aqueles em sintéticos (19). Os clubes Palmeiras e Flamengo foram os que mais enfrentaram desfalques, com 11 lesões cada.

Conclusão

Em conclusão, os gramados sintéticos apresentaram índices de lesões por jogo superiores aos gramados naturais, sendo que os gramados naturais Perennial Ryegrass, Bermuda Tifgrand e Bermuda Celebration foram os mais alarmantes. As lesões mais frequentes foram de posterior da coxa e entorses de tornozelo, com predominância das primeiras nos gramados naturais e aumento das segundas nos sintéticos. Apesar das transições entre gramados não sugerirem um impacto claro nas lesões, a pesquisa destaca a importância de fatores como clima e horário das partidas na ocorrência de lesões.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Flávia Costa Oliveira Magalhaes, Matheus Martins Godoy, Jéssica Chávare, Pedro Lucas Leal Chaves