Dados do Trabalho
Título
Análise de Doping no Esporte: Um levantamento estatístico das substâncias mais prevalentes
Introdução e Objetivo
O doping no esporte é uma prática proibida que compromete tanto a integridade das competições quanto a saúde dos atletas. A Agência Mundial Antidoping (WADA) tem um papel central no controle do uso de substâncias proibidas, publicando anualmente relatórios que refletem a conformidade ao Código Mundial Antidoping. A análise das substâncias detectadas nesses relatórios é essencial para identificar as tendências globais do uso de doping. Este estudo tem como objetivo realizar uma avaliação estatística das substâncias mais prevalentes entre os Resultados Analíticos Adversos (AAFs) reportados nos anos de 2021 e 2022, período inicial do código antidoping vigente. A pesquisa busca identificar os padrões e as substâncias mais comumente encontradas no doping mundial, além de observar possíveis tendências emergentes no uso de substâncias proibidas.
Casuística e Método
O estudo realizou uma análise quantitativa dos dados dos Relatórios de Testes Antidoping da Agência Mundial Antidoping (WADA) dos anos de 2021 e 2022, os primeiros sob o Código Mundial Antidoping vigente desde janeiro de 2021. Foram incluídos Resultados Analíticos Adversos (AAFs), que indicam a presença de substâncias proibidas ou seus metabólitos em atletas, enquanto Resultados Atípicos (ATFs), que exigem investigações adicionais, foram excluídos. A análise utilizou estatística descritiva para apresentar frequências absolutas, relativas e comparativas, descrevendo a prevalência de substâncias detectadas e identificando tendências emergentes no doping esportivo.
Resultados
Houve um aumento de 2% na incidência de agentes anabólicos, passando de 40% em 2021 para 42% em 2022, mantendo-se como o grupo mais prevalente de substâncias dopantes. Além disso, os diuréticos e agentes mascarantes cresceram significativamente, superando os estimulantes, passando do terceiro para o segundo grupo mais prevalente. Entre os anabólicos, o Stanozolol continuou sendo o mais frequente, enquanto o Methandienone aumentou de 8% para 12% entre 2021 e 2022. Nos diuréticos, a Furosemida foi a mais detectada, subindo de 25% para 32%, enquanto a Hidroclorotiazida caiu de 23% para 17%. Já entre os estimulantes, o Metilfenidato manteve-se como o mais comum, com a Anfetamina superando a Cocaína.
Discussão
A análise evidencia uma persistência no uso de agentes anabólicos como o grupo mais prevalente de substâncias. A ascensão dos diuréticos e agentes mascarantes à segunda posição, ultrapassando os estimulantes, revela uma mudança nas táticas de dopagem, sendo uma adaptação nas práticas de mascaramento, com destaque expressivo para a detecção da Furosemida. No grupo dos estimulantes, o Metilfenidato permanece dominante, sugerindo seu uso estratégico, porém a substituição da Cocaína pela Anfetamina demonstra uma nova tendência de escolha pelos atletas, preferindo o uso de uma droga menos estigmatizada. Essas tendências demonstram uma contínua adaptação nas práticas de doping, com mudança não apenas nas substâncias de escolha pelos atletas, mas também nas estratégias utilizadas para a detecção. Isso ressalta a importância de uma abordagem antidoping multifacetada e aprimorada, para a educação preventiva e detecção do uso das substâncias.
Conclusão
Conclui-se que as substâncias anabólicas, diuréticas e estimulantes continuam sendo as mais prevalentes nos resultados analíticos adversos (AAFs) nos anos de 2021 e 2022, conforme os relatórios da WADA. No entanto, o surgimento de novas tendências, como o aumento no uso de agentes diuréticos, destaca a constante evolução das práticas de doping. A ausência de dados de 2023 limita a análise completa das tendências mais recentes, sugerindo a continuidade do estudo.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Faculdade de Medicina de Bauru (FMBRU-USP) - São Paulo - Brasil
Autores
Fernanda Frasseto, Amanda Alves Rabelo