Dados do Trabalho

Título

Avulsão de crista ilíaca no Futebol: Um Estudo de Caso

Introdução e Objetivo

A fratura de avulsão da crista ilíaca é uma condição rara, observada em pacientes, do sexo masculino, entre 8 e 14 anos que participam de atividades físicas de alta intensidade. As fraturas mais comuns ocorrem na espinha ilíaca ântero-superior (EIAS), espinha ilíaca ântero-inferior (EIAI) e na tuberosidade isquiática. O mecanismo, geralmente, envolve trauma indireto, frequentemente associado ao uso repetitivo ou contração abrupta da musculatura do quadril.
Os pacientes costumam relatar, que no momento da lesão, sentem um estalo acompanhado de dor intensa. Em seguida, o quadro evolui, manifestando-se com edema, fraqueza muscular, equimose, limitações funcionais e claudicação. O diagnóstico pode ser desafiador, frequentemente necessitando de exames complementares como radiografia (RX), ressonância magnética (RNM) e tomografia computadorizada (TC) para confirmação.
O relato a seguir apresenta um caso em um paciente do sexo masculino, evidenciando o manejo diagnóstico e o tratamento escolhido para a condição em questão.

Casuística e Método

D.F., 14 anos, homem, branco, jogador de futebol da categoria sub-14, nega tabagismo, etilismo, drogas ilícitas e medicações e não possui comorbidades. Diariamente, o atleta é submetido a avaliações realizadas pelo departamento médico (DM) que monitoram sua condição física, assegurando que esteja apto para as exigências da prática esportiva. Os critérios de avaliação diária incluíram: dor à palpação, durante alongamentos, contra resistência manual e ao exercício excêntrico utilizando o próprio peso corporal. Além disso, foram monitorados os parâmetros de Percepção Subjetiva de Dor (PSD) e Percepção Subjetiva de Recuperação (PSR) durante as sessões de fisioterapia e treinos.
No início de agosto de 2023, o paciente queixou-se de dor intensa na região trocantérica após treino, sendo necessário retirá-lo do campo para a realização de crioterapia e analgesia. O exame físico revelou força preservada, amplitude de ovimento (ADM) reduzida e dor leve à palpação. A hipótese inicial foi de bursite trocantérica, levando ao encaminhamento para fisioterapia e recomendação de afastamento das atividades por três dias, com resposta positiva ao tratamento. No entanto, após uma semana, a dor retornou, resultando em nova interrupção das atividades. Após a participação em uma competição, os sintomas se intensificaram, impedindo o atleta de continuar suas atividades esportivas. Ao final do mês, devido à persistência do quadro, foi realizada uma RNM para investigação.

Resultados

O laudo da RNM apontou: “Destacamento / avulsão do núcleo de ossificação da crista ilíaca esquerda, sobrepondo-se acentuado edema na medular óssea e estruturas musculares e adiposas adjacentes, sem desalinhamento ósseo.” confirmando EIAS e descartando a hipotése diagnóstica inicial.

Discussão

O DM consentiu que o atleta deveria ser afastado das atividades por 3 a 4 semanas, mantendo tratamento na fisioterapia, que incluiu cicatrização, mobilidade, fortalecimento de core e membros inferiores, estabilidade e aeróbico sem impacto. Com o retorno às atividades em campo, foi realizado um treinamento individualizado. Essa abordagem integrada permitiu que o mesmo recuperasse sua capacidade funcional de forma segura e eficaz, garantindo seu retorno às competições.

Conclusão

Houve evolução clínica favorável do quadro após tratamento, com resolução total dos sintomas em novembro de 2023. Ao final do processo de reabilitação, o jovem demonstrou estar apto para competir, evidenciando uma recuperação satisfatória e a manutenção do desempenho.
A continuidade do acompanhamento fisioterapêutico também reforça a necessidade de monitoramento constante para garantir a saúde e o desempenho a longo prazo. Esse caso destaca a importância do diagnóstico precoce e de uma intervenção integrada em lesões esportivas, ressaltando como um tratamento bem estruturado pode favorecer a recuperação e o retorno seguro dos atletas às suas atividades.