Dados do Trabalho
Título
INCIDÊNCIA E AS CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DAS LESÕES MUSCULARES DE UM CLUBE BRASILEIRO DE FUTEBOL PROFISSIONAL
Introdução e Objetivo
O futebol é um esporte caracterizado por movimentos curtos, rápidos e descontínuos, como acelerações, desacelerações, saltos e mudanças abruptas de direção. Desse modo, as lesões musculares representam uma parcela significativa de todas as lesões ocorridas nesse esporte, afetando não apenas a saúde dos atletas, mas também o desempenho do clube.
Analisar a incidência e as características das lesões musculares dos atletas de um clube brasileiro de futebol profissional.
Casuística e Método
Esta coorte retrospectiva integra um projeto maior, que busca “avaliar o perfil epidemiológico das lesões musculoesqueléticas (LME) de um clube de futebol profissional e os seus correlatos”. Participaram deste estudo atletas e ex-atletas do clube, com idade ≥ 14 anos, registrados no sistema do departamento médico, e que compuseram o elenco entre 2018 e junho de 2024. Excluíram-se aqueles que apresentavam lesões prévias. As informações referentes às lesões (tipo, mecanismo, grau, local de ocorrência e tempo vetado) e aos atletas (idade, categoria e posição), foram extraídas e organizadas em planilha no Excel. Considerou-se LME, aquelas de origem muscular, tendínea, articular e óssea. Por fim, os dados referentes às lesões musculares foram analisados e descritos por meio da distribuição de frequência absoluta e relativa para os dados qualitativos, e mediana (mínimo e máximo) para os dados quantitativos. Utilizou-se o Software Jamovi, versão 2.3.28. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética, sob o CAAE: nº 80779224.1.0000.0020.
Resultados
Observou-se 771 atletas e 1.689 LME no período estudado. Dessas, 827 eram de origem muscular, representando 48,96% das LME e uma incidência de 1,072 lesões musculares por atleta. Os quatro principais grupos musculares acometidos foram: isquiotibiais 27,69%, quadríceps 26%, adutores 24,18% e tríceps sural 8,10%. Em relação ao grau dessas lesões, 38,81% foram 1A, 22,25% 3A, 21,89% 1B, e 9,19% 3B, as lesões totais foram as menos frequentes 1,69%. A mediana da quantidade de dias de afastamento após o diagnóstico foi de 9 (0-133). O mecanismo de lesão sem contato foi o mais frequente, representando 87,79% das lesões. A respeito da posição do atleta em campo, os atacantes foram os que sofreram maior número de lesões 24,67%, seguidos dos meias 23,34%, zagueiros 18,38%, laterais 16,08%, volantes 10,76%, e goleiros 6,77%. Por fim, a maioria das lesões ocorreu em treinamentos no campo, seguido de jogos oficiais, amistosos, e academia.
Discussão
Os resultados mostraram que praticamente metade das LME foram de origem muscular, outros estudos apontam uma frequência de aproximadamente 30% de todas as lesões do futebol. Além disso, esse trabalho evidenciou que a maior parte das lesões acometem as musculaturas superficiais da coxa, sendo os isquiotibiais os mais acometidos. Esses achados podem ser justificados pelas características físicas do esporte, que envolvem atividades de alta intensidade e mudanças abruptas de direção, gerando grande sobrecarga nos membros inferiores. A maior incidência de lesões de menor gravidade, pode estar relacionada ao fato do estudo ter sido realizado em clube profissional, que está constantemente atento à prevenção e ao manejo das condições físicas dos atletas.
Conclusão
O estudo evidenciou uma frequência elevada de lesões musculares em relação ao total de LME. Tendo uma predominância de lesões sem contato, de baixa gravidade, e na região da coxa. O trabalho também mostrou a importância de estabelecer medidas preventivas para esse tipo de lesão, e a necessidade de novas pesquisas que busquem estabelecer correlação entre as lesões musculares e seus principais fatores de risco.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Clube Athletico Paranaense - Paraná - Brasil
Autores
Lucas Cordeiro Schiavon, Alice Volpato Rocha, Gabriel Gomes de Oliveira Ribas, Jose Antonio Dutra Bisneto, Matheus Taborda, Fabrizzio Espinoza Marins