Dados do Trabalho
Título
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS LESÕES MUSCULOSQUELÉTICAS DE ATLETAS DA BASE E PROFISSIONAL DE UM CLUBE DE FUTEBOL BRASILEIRO
Introdução e Objetivo
O futebol é o esporte mais popular do mundo. Estima-se que mais de 240 milhões de pessoas de todas as faixas etárias praticam esse esporte em diferentes níveis. Devido às suas características, é um esporte que apresenta um número elevado e crescente de lesões, além de representar a maior causa de lesões em atletas no mundo.
Determinar a incidência das lesões musculoesqueléticas (LME) dos atletas de um clube brasileiro de futebol profissional e descrever o perfil epidemiológico dessas lesões.
Casuística e Método
O presente estudo de coorte retrospectiva integra um projeto guarda-chuva, que visa “avaliar o perfil epidemiológico das LME de um clube de futebol profissional e os seus correlatos”. Para o estudo, foram selecionados atletas e ex-atletas do clube, com idade ≥ 14 anos, que fizeram parte do elenco entre 2018 e junho de 2024, que não apresentavam lesões prévias, e estavam registrados no sistema do departamento médico do clube. Os dados foram extraídos e organizados em uma planilha do Excel, que continha informações referentes aos atletas (data de nascimento, categoria, dominância e posição), e as lesões (tipo, mecanismo, local de ocorrência, e tempo de afastamento). Por fim, os dados qualitativos foram analisados por meio da distribuição de frequência absoluta e relativa, enquanto os quantitativos por mediana, tendo a sua variância descrita por mínimo e máximo. Os dados foram analisados por meio do Software Jamovi, versão 2.3.28. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética, sob o CAAE: nº 80779224.1.0000.0020.
Resultados
Dentre os 771 atletas avaliados, a incidência de LME foi de 2,19 lesões por atleta, totalizando 1.689 lesões em cinco anos e seis meses. Dessas, 49,02% foram de origem muscular, 33,57% articular, 13,26% óssea, e 4,14% tendínea. A mediana da quantidade de dias de veto por qualquer tipo de lesão foi de 10 (0-497). Quanto ao mecanismo de lesão, 69,51% das lesões não tiveram contato, 14,74% tiveram contato direto com jogador, 10,83% apresentaram contato desconhecido, 2,66% contato com objeto e 2,25% contato indireto com jogador. A respeito da posição do atleta em campo, os atacantes foram os que sofreram maior número de lesões 24,75%, seguidos dos meias 24,45%, zagueiros 16,99%, laterais 15,69%, volantes 10,72%, e goleiros 7,40%. Por fim, 71,26% das lesões ocorreram em treinamentos no campo, 25,28% em jogos oficiais, 2,55% amistosos e 0,41% na academia.
Discussão
A alta incidência de LME, especialmente de lesões musculares, é vista com maior frequência entre atacantes e meio-campistas, e menos vista em goleiros, corroborando com a literatura já existente. Esses dados podem ser explicados pelas características intrínsecas do esporte e das posições em campo, pelo calendário extenso de jogos e treinamentos, e pelas individualidades de cada atleta. Portanto, ainda é necessário realizar novas pesquisas que busquem correlacionar as LME a esses fatores.
Conclusão
Este estudo evidenciou uma alta incidência de LME em atletas de futebol. Tendo uma maior frequência das lesões musculares, especialmente em atacantes. A predominância de lesões sem contato e durante treinamentos, destaca a importância de medidas preventivas específicas nesses cenários. São necessárias novas pesquisas para aprofundar a compreensão dos fatores de risco e aprimorar as estratégias de manejo e prevenção das lesões.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Clube Athletico Paranaense - Paraná - Brasil
Autores
Lucas Cordeiro Schiavon, Alice Volpato Rocha, Gabriel Gomes de Oliveira Ribas, Jose Antonio Dutra Bisneto, Matheus Taborda, Fabrizzio Espinoza Marins