Dados do Trabalho


Título

Atividade física modula ansiedade e o perfil do sono em universitários durante o período pandêmico de Covid-19

Introdução e Objetivo

Os agravos biopsicofisiológicos relacionados à saúde, desencadeados pela pandemia de COVID-19 são desconhecidos e imensuráveis, impactando consideravelmente a atual sociedade. A interrupção de aulas foi tida como um fator crucial para os múltiplos danos neste período, especialmente para estudantes universitários. Diante disso, a influência dos níveis de atividade física sobre os aspectos psicocomportamentais são desconhecidas em discentes universitários do Ceará, durante, e após o período pandêmico, se tornando um importante objeto de estudo. O presente trabalho teve como objetivo investigar, no período de confinamento e aulas remotas durante a pandemia, os níveis de atividade física e aspectos psicocomportamentais em estudantes universitários do estado do Ceará.

Casuística e Método

Trata-se de uma pesquisa transversal e descritiva, de abordagem quantitativa e qualitativa, tendo como amostra os discentes do nível superior dos campi do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Ceará (IFCE). Foram incluídos 302 alunos(as), no período de 2021 e 2022. A obtenção de dados foi realizada por meio dos seguintes instrumentos: i) Questionário de Atividade Física adaptado (MATSUDO); ii) perfil da ansiedade através do Hamilton Anxiety Rating Scale adaptado e iii) Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI). A pesquisa foi submetida em Comitê de Ética em Pesquisa (Certificado de Apresentação de Apreciação Ética 35908520.3.0000.5589; número do parecer 7.084.823).

Resultados

Os dados reportaram que 43,03% e 19,2% dos participantes foram classificados como ativos e muito ativos, respectivamente. Porém, em relação aos níveis de ansiedade, foi observado nesta população a presença de ansiedade leve (62,87%), moderada (15,17%) e grave (14,47%). Neste contexto, também, observou-se irregularidade do padrão do sono, com 58,9% e 22,1% da amostra apresentando sono ruim e distúrbio do sono, respectivamente. No entanto, quanto menos sedentário o indivíduo, maior a classificação do sono como adequado, e nos participantes classificados como muito ativos, foi observado o bloqueio da presença de distúrbio do sono (P=0,02).

Discussão

Conforme os resultados apresentados, uma parcela significativa da população do estudo apresentou níveis de atividade física expressivos, assim como níveis de ansiedade amplamente distribuídos - sobretudo ansiedade leve-, não havendo correlação estatística entre tais aspectos avaliados. Por outro lado, houve correspondência entre o padrão de sono e o nível de atividade física, com o grupo de indivíduos não sedentários apresentando maior fração de classificação de sono adequado quando comparado ao grupo de indivíduos sedentários. Além disso, foi observado o bloqueio da presença de distúrbio do sono nos participantes categorizados como muito ativos - parâmetro que apresentou importante relevância estatística. Tais achados relacionados ao sono corroboram com evidências científicas atuais que apontam a atividade física como fundamental para o estabelecimento da qualidade do sono.

Conclusão

Portanto, conclui-se que a amostra investigada apresentou níveis elevados de atividade física, porém aliada a uma manifestação considerável de ansiedade em diversos níveis, no período pandêmico. Entretanto, indivíduos(as) classificados(as) como muito ativos tiveram atenuação da presença de distúrbio do sono no período investigado.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Ícaro Cavalcante Dias Araújo, Mateus Queiroz Pinho, Francisco Jeferson Costa do Nascimento, Tais Bezerra Mota Rola, Francisca Nimara Inácio da Cruz, Francisco Adelvane de Paulo Rodrigues