Dados do Trabalho

Título

Parâmetros Cardiovasculares entre Exercícios Físicos Resistidos de Membros Superiores e Inferiores

Introdução e Objetivo

Os exercícios resistidos envolvem sobrecargas para o desenvolvimento muscular, melhorando não só a força, resistência e desempenho motor, mas também a capacidade cardiovascular e metabólica. Atualmente acredita-se que os exercícios resistidos podem ser uma estratégia para a prevenção de cardiopatias, pois a resposta cardiovascular a esses exercícios é menor que em exercícios aeróbicos. Embora causem adaptações crônicas positivas no sistema cardiovascular, o aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e o duplo produto durante os exercícios requer atenção especial, especialmente em indivíduos cardiopatas. Nesse sentido, temos como objetivo verificar as variações que ocorrem na pressão arterial (PA), frequência cardíaca (FC) e duplo produto (DP) em exercício resistido em relação a membros inferiores (MMII) e membros superiores (MMSS).

Casuística e Método

A amostra contou com 100 voluntários de ambos os sexos, fisicamente com faixa etária de 18 a 30 anos. Foi aplicado o teste de repetição máxima, seguido do treinamento resistido com 60% da carga máxima (CM). Em um primeiro momento, foi aferida FC e PA, seg o treino de múltiplas séries (três séries até a exaustão e intervalo de quarenta e cinco segundos entre as séries e de um minuto entre os exercícios. A coleta de dados foi realizada em duas etapas. Inicialmente, foi aplicado um teste de repetição máxima, com objetivo de mensurar a CM individual. Em seguida, após cinco minutos de repouso em decúbito e aferição da PA e FC foi realizado um treinamento resistivo com 60% da CM. O treino consistiu de três séries até exaustão dos seguintes exercícios: supino inclinado, supino reto, puxada frontal, remada unilateral, rosca direta, rosca alternada, tríceps francês, leg press 45º, hack, cadeira extensora, mesa flexora e desenvolvimento livre. Foi realizado intervalo de 45 segundos entre as séries e de um minuto entre os exercícios, com aferição dos sinais vitais entre as séries.

Resultados

Observou-se um aumento significativo da frequência cardíaca e da PA média (PAM), sistólica (PAS) e diastólica (PAD). O maior aumento na PAS foi apontado em mesa flexora com 138,58 ± 10,97 mmHg para um p<0,05, em PAD em puxada frontal 78,84 ± 10,78 mmHg para um p<0,05 e PAM em puxada frontal com 97,12 ± 8,71 mmHg para um p<0,05. Tanto na FC quanto no DP o Hack apresentou maior índice com 122,83 ± 19,72 bpm para um p<0,05, e 16.482,17 ± 3.972,17 88 mmHg x bpm p<0,05 respectivamente.

Discussão

O estudo investigou as alterações hemodinâmicas cardiovasculares durante exercícios resistidos em indivíduos normotensos, uma área pouco explorada, visto que a maioria dos estudos foca em hipertensos ou cardiopatas. Verificou-se que a FC, a PA e o DP aumentaram ao longo das séries, independentemente da intensidade e do intervalo de recuperação. Esses aumentos podem estar relacionados à maior atividade simpática, influenciados por mecanismos centrais e periféricos. O aumento da resistência vascular periférica e a oclusão parcial do fluxo sanguíneo contribuíram para o acúmulo de metabólitos, estimulando quimiorreceptores e elevando a atividade simpática. O DP mostrou-se mais associado ao número de repetições do que à carga utilizada. O estudo também demonstrou que, embora o exercício resistido eleve a PA e a FC, não oferece riscos significativos para indivíduos normotensos ou com cardiopatias leves, especialmente quando comparado ao exercício aeróbico.

Conclusão

O estudo conclui que exercícios resistidos de múltiplas séries para MMII e MMSS causam um aumento significativo e cumulativo nas respostas cardiovasculares. O maior aumento da FC foi observado nos MMII, enquanto a PAS subiu mais nos MMII e a PAD nos MMSS. A prática de exercícios resistidos na intensidade testada não representa risco para indivíduos normotensos, hipertensos ou com cardiopatias leves, pois não provoca variações significativas na pressão arterial e frequência cardíaca.