Dados do Trabalho
Título
Efeito do treino de força sobre a variabilidade da frequência cardíaca
Introdução e Objetivo
A Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) é uma medida confiável e não invasiva que permite avaliar a regulação autonômica cardíaca, baseada na análise das variações nos intervalos entre batimentos cardíacos (intervalos R-R) ao longo do tempo. Pode ser negativamente influenciada por diversas doenças que causam sua redução, mas há evidências de que o treinamento físico regular pode contribuir para o aumento da VFC. Assim, este estudo visa observar o efeito do treinamento de força sobre a VFC.
Casuística e Método
Revisão narrativa com busca na base de dados PubMed, utilizando os descritores MeSH: “Heart rate variability” AND “Resistance Training” e filtro “Clinical trial”. Foram avaliados título e resumo de 183 estudos, excluindo-se 146 por não mencionarem VFC e/ou treinamento de força. Compõem esta revisão 37 estudos.
Resultados
Doze estudos não mostraram alteração da VFC após realização de intervenção com treinamento de força. 3 estudos concluíram que houve diminuição da VFC e 22 estudos relataram aumento da VFC. Onze estudos avaliaram apenas homens; 10 estudos avaliaram apenas mulheres; 12 estudos incluíram pessoas de ambos os sexos; 4 estudos não especificaram. A população mais idosa (≥ 60 anos) foi alvo da maior parte dos estudos, com idade máxima de 82 anos. Dos estudos que mostraram aumento da VFC, a maior parte contemplou exercícios de força de membros inferiores com duração média de 60 minutos por sessão, frequência semanal média de 3 vezes, totalizando 12-16 semanas. Os indivíduos eram saudáveis ou portadores de comorbidades como Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), ansiedade, Doença Renal Crônica (DRC), obesidade, Doença Coronariana Aguda (DCA), Insuficiência Cardíaca (IC), Síndrome Metabólica (SM), Doença Arterial Coronariana (DAC) e Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2).
Discussão
A maioria dos estudos mostrou aumento da VFC após treino de força. O aumento deste parâmetro está relacionado com a eficiência dos mecanismos autonômicos, refletindo o equilíbrio entre as influências simpáticas e vagais sobre a FC, além de boa adaptação ao exercício e melhora do desempenho a longo prazo. A prática de exercícios resistidos melhora a funcionalidade dos mecanismos simpáticos e parassimpáticos e isso é visto pela melhora da VFC. Os grupos analisados e beneficiados por esse aumento de complexidade deste parâmetro foram idosos saudáveis, mulheres na pós-menopausa, obesos, pacientes com HAS, DAC, DRC, IC crônica, DPOC, síndrome de Down, ansiedade e DM2. Entretanto, estudos que avaliaram pessoas com Parkinson, HAS leve e indivíduos saudáveis afirmam haver diminuição da VFC após realização da intervenção com TF, que pode ser explicada, em alguns casos, por uma disfunção autonômica ou até por intervenções com exercícios de baixa intensidade com configuração longa, os quais podem induzir a uma abstinência vagal. Quando há relato de que não houve alteração da VFC, podemos notar alterações de outros parâmetros como aumento de força muscular, potência e redução da pressão arterial sistólica, também relacionados ao sistema nervoso autônomo.
Conclusão
A maior parte dos estudos avaliados (59,4%) concluiu que os exercícios de força promovem aumento da VFC, que está associado a menor risco de doenças cardiovasculares e indica melhora na eficiência dos mecanismos autonômicos, boa adaptação ao exercício e melhora do desempenho físico. No entanto, mais estudos padronizados em diferentes populações são necessários.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Centro Universitário São Camilo - Santa Catarina - Brasil
Autores
Vitoria Amarante Aguiar, Yoav Sanz Strul, Juliana Abreu Abdalla Rima, Maria Fernada Azevedo Soares Pantojo, Isabela Rodrigues Benedik, Fernanda Patti Nakamoto