Dados do Trabalho

Título

EFEITOS DO TREINAMENTO DE ENDURANCE SOBRE A COMPOSIÇÃO CORPORAL DE MULHERES - UMA REVISÃO DA LITERATURA

Introdução e Objetivo

O treinamento aeróbio, do inglês “endurance training”, é um programa de exercícios de duração longa e intensidade moderada, que aumenta o consumo máximo de oxigênio e a resistência aeróbia. A literatura mostra que o treinamento aeróbio é benéfico em relação ao aumento da massa magra e diminuição do percentual de gordura corporal, porém, na área da ciência do esporte e exercício, a maioria dos resultados clássicos que norteiam condutas de treinamento foram obtidos em estudos com homens. Dessa forma, o presente estudo objetiva verificar os efeitos do treinamento aeróbio sobre a composição corporal de mulheres.

Casuística e Método

Pesquisa realizada na base de dados PubMed, utilizando os descritores MeSH “Endurance training” AND “Women” AND “Body composition”, com filtros “Clinical trial” e “Randomized controlled trial”. Critérios de inclusão: treinamento aeróbio e avaliação da composição corporal em mulheres. Foram excluídos opinião de especialista, relato de caso, revisões e guia. Foram encontrados 176 estudos, sendo 107 excluídos após leitura de título, resumo e texto na íntegra. Portanto, 69 estudos foram incluídos nesta revisão.

Resultados

Cinquenta e cinco estudos mostraram efeitos positivos do treinamento aeróbio sobre a composição corporal de mulheres, incluindo redução da gordura corporal total, do índice de massa corporal (IMC), da circunferência da cintura e do quadril, além de um aumento da massa magra. Esses benefícios foram mais evidentes em protocolos de treinamento que combinaram exercícios aeróbios com exercícios resistidos e que tiveram duração superior a 12 semanas. A maioria dos estudos que mostraram efeitos favoráveis envolveu mulheres com sobrepeso ou obesidade e utilizou métodos precisos de avaliação, como a absorciometria de raios-X de dupla energia (DXA). Em contraste, 14 estudos não mostraram alterações significativas na composição corporal. Nestes estudos foram incluídas populações já ativas e saudáveis e as intervenções tiveram curta duração (menos de 8 semanas) ou baixa intensidade. Dentre todos os estudos analisados, 6 investigaram a combinação do treinamento de endurance com diferentes tipos de suplementação. Em 4 desses estudos, não foram observadas alterações significativas no peso corporal, no percentual de gordura ou na massa magra.

Discussão

Os resultados oferecidos reforçam o papel relevante do treinamento de endurance na melhora da composição corporal em mulheres, especialmente quando associado a exercícios de força. Programas de maior duração e intensidade são mais eficazes, beneficiando principalmente mulheres com sobrepeso ou obesidade. No entanto, as intervenções curtas e de baixa intensidade mostraram-se insuficientes para produzir mudanças expressivas, sugerindo que não são suficientes para promover alterações significativas na composição corporal. Ainda, um fator limitante pode ser o uso de métodos de avaliação menos precisos, que subestimem os resultados da intervenção. Além disso, embora a combinação do treinamento de endurance com suplementação tenha sido investigada, 4 estudos não mostraram um impacto relevante na composição corporal, reforçando a ideia de que a qualidade e a estrutura do programa de exercícios são os fatores mais determinantes para o sucesso da intervenção.

Conclusão

A maior parte dos estudos mostra o papel crucial do treinamento de endurance na melhora da composição corporal de mulheres em sobrepeso ou vivendo com obesidade, especialmente em combinação com exercícios de força, com duração superior a 12 semanas. Mais estudos são necessários para avaliar mulheres eutróficas e diferentes protocolos de intervenção que otimizem os efeitos do treinamento de endurance em mulheres.