Dados do Trabalho


Título

Treinamento físico combinado realizado em ambiente de natureza promove reduções da pressão arterial em maior magnitude do que em ambiente fechado em mulheres com idade entre 50 e 69 anos

Introdução e Objetivo

Exercícios físicos podem ser realizados em diferentes ambientes. Não se sabe se a prática crônica de exercícios físicos (treinamento físico–TF) em ambiente aberto promove melhorias mais expressivas na saúde das pessoas em comparação a realizar o TF em ambientes fechados. O objetivo do presente estudo foi comparar os efeitos de um mesmo protocolo de treinamento físico combinado (TC) (exercícios de força e aeróbio na mesma sessão) realizado em ambiente fechado (TAF) ou em ambiente aberto (TAA), na frequência cardíaca de repouso (FCr) e nas pressões arteriais (PA) sistólica (PAS) e diastólica (PAD) de mulheres adultas e idosas.

Casuística e Método

Mulheres com idade entre 50-69 anos e sem estarem praticando exercícios físicos por pelo menos 6 meses foram randomizadas (randomização em blocos com estratificação por idade, diagnóstico de hipertensão arterial e obesidade) em grupos controle (GC; n=29) (sem intervenção e orientado a não realizar exercícios físicos durante o estudo), TAA (n=30) (TC em ambiente aberto com gramado, árvores, jardim e corredor pavimentado), e TAF (n=28) (TC em ginásio fechado). Após desistências, foram analisados os dados de 15 participantes no GC, 25 no TAA e 17 no TAF. As sessões de treino foram realizadas às manhãs (7h-9h). A PAS, PAD e a FCr foram avaliadas antes e após as 12 semanas de intervenções. Os resultados estão apresentados com valores de média (erro padrão ou desvio padrão). A normalidade dos dados e homogeneidade de variâncias foram verificadas por teste de Shapiro-Wilk e de Levene, respectivamente. A ANOVA de uma via com post hoc de Bonferroni foi utilizada para comparar os grupos para as variáveis que caracterizam a amostra (idade, estatura, massa corporal, IMC, anos de estudo e o training impulse - TRIMP). PAS, PAD e FCr foram analisadas utilizando análise per protocol no modelo linear generalizado de efeitos misto (sujeito como efeito aleatório, tempo, grupo e interação tempo x grupo como fatores fixos). Quando p<0,05 para interação tempo x grupo, o post hoc de Bonferroni foi utilizado para determinar onde as diferenças estavam localizadas. Devido a diferenças no número de participantes por grupo, a aproximação de Satterthwaite foi utilizada. O nível de significância foi estipulado em α=5% (p<0,05) e todas as análises foram realizadas no software SPSS. As figuras foram elaboradas no programa GraphPad Prism.

Resultados

Os grupos não foram diferentes para as variáveis que caracterizam a amostra. Após as 12 semanas de intervenções, houve reduções na FCr nos três grupos (efeito do tempo). Houve interação tempo x grupo para PAS e PAD, e o grupo TAF não apresentou alterações significativas, mas foram encontrados aumentos significativos de 10,8 mmHg da PAS e de 7,9 mmHg da PAD no GC e reduções significativas de 5,9 mmHg da PAS e de 4,1 mmHg da PAD no grupo TA. Os grupos TAA e TAF apresentaram valores de PAS e PAD pós-intervenções inferiores aos do GC.

Discussão

Evidências indicam que a exposição à luz solar pode reduzir a PA e exercer efeito protetivo contra PA elevada e doenças cardiovasculares. Sabe-se que a luz ultravioleta A (UVA) atinge os microvasos, e que na pele humana, derivados fotossensíveis do óxido nítrico (NO) podem sofrer fotodecomposição quando irradiados com luz UVA, resultando na formação de NO bioativo. Juntos, esses achados indicam que a maior magnitude de redução da PA encontrada no grupo TAA se deve em parte à irradiação de UVA.

Conclusão

TC em ambiente aberto pode reduzir as PAS e PAD de mulheres adultas e idosas em maior magnitude do que realizar o mesmo protocolo em ambiente fechado.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

João Gabriel Ribeiro Lima, Guilherme Silva Rodrigues, Andressa Crystine Silva Sobrinho, Carlos Roberto Bueno Júnior