Dados do Trabalho

Título

TREINAMENTO FÍSICO PRÉ-OPERATÓRIO MELHORA CAPACIDADE FUNCIONAL EM CIRURGIA ESOFÁGICA: REVISÃO SISTEMÁTICA

Introdução e Objetivo

A cirurgia esofágica é um procedimento complexo com altos índices de morbidade e mortalidade, especialmente em pacientes com câncer de esôfago, a sexta causa de morte por câncer no mundo. Esses pacientes frequentemente apresentam disfagia e perda de peso significativa, reduzindo suas reservas funcionais e metabólicas. O pós-operatório da esofagectomia é marcado por declínio adicional na função cardiovascular, pulmonar e muscular, diminuindo acentuadamente a capacidade funcional e a qualidade de vida. O treinamento físico pré-operatório surge como uma estratégia potencial para melhorar a reserva funcional, a função cardiorrespiratória e a força muscular, podendo influenciar positivamente os desfechos cirúrgicos. O objetivo deste estudo foi resumir as evidências sobre os efeitos do treinamento físico na capacidade funcional de indivíduos no pré-operatório de cirurgia esofágica.

Casuística e Método

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura seguindo as diretrizes PRISMA, registrada no PROSPERO (CRD42021229289). As buscas foram conduzidas nas bases de dados PubMed, BVS, EBSCOhost, SciELO e PEDro, utilizando combinações dos termos "Preoperative", "Esophageal", "Surgery" e "Training". Foram incluídos ensaios clínicos randomizados que investigaram programas de treinamento físico pré-operatório (exercícios aeróbicos, resistidos ou combinados) em pacientes adultos (≥18 anos) submetidos à cirurgia esofágica por câncer. Os desfechos analisados incluíram capacidade funcional (consumo máximo de oxigênio [VO₂ pico], teste de caminhada de seis minutos), complicações pós-operatórias e tempo de recuperação. A qualidade metodológica dos estudos foi avaliada pela escala PEDro.

Resultados

Três estudos preencheram os critérios de inclusão, totalizando 145 pacientes, predominantemente homens diagnosticados com câncer de esôfago. As intervenções variaram entre treinamento muscular inspiratório de alta intensidade e exercícios aeróbicos e resistidos, com duração de 2 a 3 semanas. Os resultados demonstraram melhorias significativas na capacidade funcional, evidenciadas pelo aumento do VO₂ pico, melhora na pressão inspiratória máxima (PImáx) e incremento da força muscular. Além disso, houve redução significativa nas complicações pulmonares pós-operatórias, menor necessidade de reintubação e diminuição do tempo de internação hospitalar nos grupos que realizaram treinamento físico pré-operatório. A qualidade metodológica dos estudos variou de moderada a alta, com escores na escala PEDro entre 5 e 8.

Discussão

Os achados desta revisão indicam que o treinamento físico pré-operatório é uma intervenção eficaz para melhorar a capacidade funcional e reduzir complicações em pacientes submetidos à cirurgia esofágica. As melhorias na força muscular inspiratória e no VO₂ pico sugerem adaptações benéficas nos sistemas cardiovascular e respiratório, resultando em melhor tolerância ao procedimento cirúrgico e recuperação mais rápida. No entanto, a heterogeneidade dos protocolos de treinamento, a variação na intensidade e duração das intervenções e o pequeno número de estudos limitam a generalização dos resultados. Fatores como idade, comorbidades e tipo de procedimento cirúrgico podem influenciar os efeitos do treinamento, indicando a necessidade de individualização das intervenções.

Conclusão

O treinamento físico pré-operatório em pacientes submetidos à cirurgia esofágica por câncer melhora significativamente a capacidade funcional, a força muscular e a função cardiorrespiratória, contribuindo para a redução de complicações pulmonares, necessidade de reintubação e tempo de internação hospitalar. Esses achados ressaltam a importância de incluir programas de treinamento físico na preparação pré-operatória desses pacientes para otimizar os desfechos cirúrgicos.