Dados do Trabalho


Título

BENEFÍCIO DA REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR EM UM PACIENTE COM HISTÓRICO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO E REVASCULARIZAÇÃO DA ARTÉRIA CORONÁRIA

Introdução e Objetivo

A doença arterial coronariana (DAC) é a principal causa de morte no mundo. A reabilitação cardíaca (RC) é essencial no manejo desses pacientes, promovendo recuperação após eventos cardiovasculares, melhorando a tolerância ao exercício, a qualidade de vida e reduzindo angina, isquemia, hospitalizações e mortalidade. No entanto, o encaminhamento e adesão aos programas ainda são baixas. Este trabalho destaca a importância da RC para melhorar a aptidão cardiopulmonar, fatores psicológicos e qualidade de vida, além de reduzir morbidade e mortalidade.

Casuística e Método

L.C.M.P., 53 anos, cardiopata isquêmico após IAM em dezembro de 2022 e revascularização miocárdica em janeiro de 2023. Em uso de dupla antiagregação, beta-bloqueador e estatina. Encaminhado à RC, apresenta dispneia aos mínimos esforços desde o evento isquêmico, interferindo em sua vida. Um mês após o infarto, tinha disfunção diastólica grau 1 no ventrículo esquerdo. Iniciou RC em outubro de 2023 com ergoespirometria que mostrou VO2max de 18,06 ml/kg/min (58% do previsto), classificando-o como NYHA II. Após 8 meses de acompanhamento, nova ergoespirometria revelou VO2max de 25,83 ml/kg/min (86% do previsto), sendo classificado como NYHA I.

Resultados

Entre 19/10/2023 e 14/06/2024, o paciente apresentou significativa evolução em sua capacidade física, conforme os resultados de dois testes de ergoespirometria. O VO2 máximo, que inicialmente era de 18,06 ml/kg/min (58% do previsto), aumentou para 25,83 ml/kg/min (86% do previsto), resultando em uma melhoria de 43%. A velocidade máxima também mudou de 5,4 km/h para 7 km/h, com uma evolução de 29,6%. Além disso, a inclinação máxima subiu de 10% para 15,5%, representando um aumento de 55%. O tempo de exame passou de 05:50 minutos para 09:03 minutos, um ganho de 55,1%. Em relação à frequência cardíaca, a de repouso subiu de 67 bpm para 81 bpm, enquanto a máxima aumentou de 123 bpm para 158 bpm. Com essa evolução, o paciente mudou de classificação funcional, passando de NYHA II para NYHA I. Esses resultados indicam uma melhora expressiva na condição física do paciente após a reabilitação.

Discussão

A reabilitação cardíaca (RC) é dividida em quatro fases: Fase I, durante a internação hospitalar; Fase II, com atividade física supervisionada e monitorada ambulatorialmente por 4 meses após a alta; Fase III, com exercícios duradouros não monitorados; e Fase IV, continuação da RC. A prescrição de exercícios deve ser baseada em teste de esforço, com foco em exercícios aeróbicos individualizados e, se possível, de força.

Os programas de RC incluem aconselhamento nutricional, manejo de fatores de risco, treinamento físico e uso de drogas cardioprotetoras para prevenção secundária. O treinamento físico aumenta o VO2max, melhora a função endotelial, reserva de fluxo miocárdico, reduz peso, lipídios e pressão arterial. A atividade física regular diminui o risco de eventos cardiovasculares, reinternações e mortalidade, especialmente após revascularização, com maior impacto quando o treino tem intensidade e volume adequados.

Conclusão

Neste caso, verifica-se que o programa de reabilitação cardíaca foi de grande valia, tendo em vista o aumento expressivo do VO2max de 43% no intervalo de 8 meses, além do aumento dos parâmetros de velocidade e inclinação da esteira no teste e queda dos valores de frequência cardíaca (FC) no repouso, denotando melhora da aptidão física e resposta miocárdica ao estresse, e melhor recuperação pós exercício.

Portanto, conclui-se que, além de adoção de medidas farmacológicas para o tratamento das coronariopatias, os programas de RC trazem benefícios adicionais comparado ao uso exclusivo de medicamentos, tendo em vista a mudança comportamento do paciente, que adota a atividade física como modo de estilo de vida e entende como uma forma de conseguir, através de seus próprios meios, a melhora de sua capacidade funcional e qualidade de vida.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Valentina de Lima Andreis, Marina Simão Bertani, Laura Vendramin Licks, Gabriel Lopes Amorim