Dados do Trabalho


Título

Efeitos nutricionais e glicêmicos do treinamento físico intervalado em ratos submetidos a cirurgia renovascular 2R1C

Introdução e Objetivo

A hipertensão arterial (HA) é responsável por mais de 50% dos casos de doenças cardiovasculares, sendo uma das principais causas de morte e doenças em todo o mundo. Além disso, é uma condição clínica multifatorial e pode ser de origem genética, causada por fatores não modificáveis ou fatores modificáveis, como obesidade, ingestão excessiva de sal e de álcool, estresse e sedentarismo.
De maneira adjuvante o exercício físico pode atuar no controle e tratamento da HA, sendo um dos fatores benéficos de um bom estilo de vida, e que hoje é visto como um elemento indispensável para uma boa saúde, capaz de diminuir os riscos de distúrbios das doenças cardiovasculares e metabólicas associadas ao sedentarismo. Sob essa perspectiva, o treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) tornou-se popular nos últimos anos e atraiu a atenção como um treinamento de baixo custo e eficiência do tempo, aliado à sua capacidade de induzir adaptações benéficas como alterações cardíacas estruturais e funcionais. O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos murinométricos e o treinamento físico de alta intensidade em ratos com hipertensão renovascular 2R1C.

Casuística e Método

Ratos Wistar com 150-200g foram submetidos a cirurgia para indução de HA. Após três meses, os animais foram alocados em quatro grupos: SHAM sedentário (SS), hipertenso sedentário (HS), SHAM treinado (ST) e hipertenso treinado (HT). Os grupos ST e HT foram submetidos a um protocolo HIIT em esteira alternando de 60 a 85% da velocidade máxima, durante 12 semanas. Pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram tomadas por meio de pletismografia caudal, realizada antes e após 12 semanas. A glicemia foi avaliada por meio do teste in vivo de tolerância à glicose ao final do período experimental. Em seguida, os animais foram eutanasiados e os órgãos e tecidos foram removidos e dissecados. Para a caracterização das medidas murinométricas, foram utilizadas medidas de consumo calórico, eficiência alimentar, peso corporal total, índice de massa corporal (IMC) e índice de Lee (IL). Para análise estatística, foi utilizada análise de variância de duas vias (Two-Way ANOVA) e teste de Tukey, sob o nível de significância de 5%.

Resultados

Em relação à pressão arterial, PAS (SS, 111,9±9,3; ST, 114,6±11,4; HS, 165,0±11,4; HT, 160,0±11,0 mmHg) e PAD (SS, 83,0±10,9; ST, 89,3±11,9; HS, 116,6±16,5; HT, 116,39±15,47 mmHg) foram maiores nos grupos HS e HT e não se alteraram em resposta ao HIIT. Ambos os grupos SS e HS apresentaram maior consumo calórico (SS, 6798±63; HS, 7351±63; ST, 6089±73; HT, 6147±84 kcal/g) do que os grupos ST e HT, respectivamente. Os grupos sedentários mostraram maiores valores de peso corporal total (SS, 499±22,1; HS, 491±15,2; ST,439±11,0; HT, 426±12,2g; p<0,001) em comparação aos treinados. Similares resultados foram observados no índice de massa corporal (IMC; SS, 0,768±0,028; HS, 0,724±0,016; ST, 0,691±0,017; HT, 0,696±0,013 g; p<0,001). Eficiência alimentar, índice de Lee e glicemia não foram diferentes entre os grupos.

Discussão

Os resultados mostraram que o treinamento físico (HIIT) reduziu o consumo calórico, assim como o peso corporal e IMC. Nossos dados corroboram com dados da literatura que mostraram que o treinamento físico intervalado de alta intensidade melhorou alguns parâmetros murinométricos quando comparado aos animais sedentários. Embora não tenha reduzido a pressão arterial, o treinamento físico é uma das formas de se aumentar o gasto energético, contribuindo assim para a diminuição da gordura corporal, o que pode se associar com melhores medidas metabólicas, ainda que a glicemia não tenha se alterado no presente estudo.

Conclusão

Pode-se concluir que a prática de treinamento físico de alta intensidade (HIIT) foi eficiente em modular o comportamento nutricional em modelo experimental de hipertensão arterial, ajustando o consumo calórico, peso corporal total e IMC, ainda que não tenha reduzido a pressão arterial.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Claudiane Maria Barbosa, Karynne Ágatha Baltha Alves , Maria Paula Ferreira Fialho Frazílio, Angy Kiromi Nakakado Hori, Paula Felippe Martinez, Silvio Assis Oliveira Júnior