Dados do Trabalho


Título

Influência do tônus, rigidez muscular e sexo no desempenho do salto vertical.

Introdução e Objetivo

O tônus muscular é a tensão de repouso do músculo ou em resistência ao alongamento, enquanto a rigidez muscular é um componente do tônus, definida como uma propriedade biomecânica que resiste a deformação proveniente de um estímulo externo. Ambas as variáveis são essenciais para a função muscular e consequentemente podem estar associadas a um melhor desempenho, assim como níveis alterados podem estar correlacionados a lesões musculares, dor miofascial e maiores níveis de incapacidade.
Objetivo: Investigar a influência de parâmetros miotonométricos e do sexo no teste de salto vertical.

Casuística e Método

Trata-se de um estudo transversal derivado de um ensaio clínico randomizado (CAAE: 56214722.6.0000.5402). Foram incluídos homens e mulheres entre 18 e 35 anos, que praticavam treinamento resistido (TR) por no mínimo 2 meses, treinavam membros inferiores (MMII) 2 vezes na semana e não apresentaram lesões nos últimos 6 meses. O estudo ocorreu durante 4 semanas compostas por duas sessões de TR de MMII com um dia de intervalo entre elas. Para avaliar o desempenho no teste salto vertical, os voluntários realizaram uma flexão de aproximadamente 90º de joelho de acordo com a capacidade individual, mantendo o tronco ereto, as mãos posicionadas na cintura e os pés posicionados na plataforma de salto, e então realizar o salto o mais alto possível, com os joelhos em extensão até os pés encostarem na plataforma novamente. Foram realizados três saltos com 30 segundos de descanso. A maior altura em centímetros foi utilizada para análise. Para a avalição do tônus e rigidez muscular foi utilizado o aparelho MyotonPRO® no quadríceps, isquiotibiais, sóleo e multífido lombar no membro dominante. A normalidade dos dados foi feita pelo teste de Shapiro-Wilk e, então, foi realizada regressão linear multivariada utilizando o desempenho no salto vertical como variável dependente e o tônus, rigidez muscular e sexo foram inseridas como variáveis independentes no modelo. Todas as análises foram conduzidas pelo software SPSS considerando nível de significância de 5%.

Resultados

Foram incluídos 58 praticantes de TR (sendo 39 homens), sendo caracterizados por média e desvio padrão: 39 homens, idade 22 ± 2,90 anos, peso 73 ± 12,40 kg, altura 173 ± 7,92 cm. O tônus e a rigidez muscular do quadríceps e multífido lombar apresentam pouca influência sobre o salto, explicando apenas 4% e 3% de sua variação ao longo do tempo, respectivamente. Além disso, é possível observar que o sexo foi um preditor importante, apresentando correlação de moderada a boa, explicando 40% de sua variação ao longo do tempo.

Discussão

Apesar de significativos o tônus e a rigidez muscular apresentam pouca influência sobre o desempenho no salto, porém mesmo com esses resultados, valores alterados podem ser prejudiciais devido a sua associação com a aparição de sintomas e lesões, sendo assim parâmetros importantes para fins não de desempenho, mas de recuperação e prevenção de lesões, entendendo que serão complementares para a avaliação e manutenção da função muscular. Fatores como o sexo se apresenta preditor de maior importância devido as diferenças genéticas existentes influenciando as outras variáveis dentro do contexto. Entendendo que o salto vertical é significativo quanto a avaliar o desempenho e da mesma forma a função muscular, é evidente a necessidade de mais estudos para que o cenário de influências sobre o teste se torne mais claro.

Conclusão

Conclui-se que o tônus e a rigidez muscular apresentam pouca influência sobre o desempenho no salto vertical nos músculos quadríceps e multífidos lombares, e não aparentam ser bons preditores de desempenho no salto vertical em praticantes de TR.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Manuela Staffoker, Isaque Machado da SIlva, Lucas Antonio Buara Arminio, Ricardo Zacharias de Souza, Flávia Alves Carvalho, Carlos Marcelo Pastre