Dados do Trabalho

Título

O IMPACTO DO EXERCÍCIO REGULAR NA PREVENÇÃO OU MELHORIA DA DEMÊNCIA EM IDOSOS

Introdução e Objetivo

A prevalência de demência e comprometimento cognitivo leve (mild cognitive impairment - MCI) está aumentando globalmente devido à maior expectativa de vida, de forma que a inatividade física é um fator de risco modificável significativo para essas condições. Estudos recentes sugerem que a atividade física regular pode ter um efeito protetor contra o declínio cognitivo e a demência em idosos. No entanto, a eficácia dessa intervenção pode variar de acordo com o tipo, intensidade, frequência, duração e volume da atividade física. Assim, este estudo visa investigar o impacto do exercício físico regular na prevenção ou melhoria da demência em idosos.

Casuística e Método

Trata-se de uma revisão sistemática da literatura a partir de levantamento na base de dados PubMed, abrangendo os últimos 5 anos com os descritores indexados na base Mesh: “Dementia”, “Physical Exercise”, “Elderly”, sendo encontrados 36 estudos. Foram selecionados 15 estudos a partir da análise do título e texto completo apresentando adequação ao tema, enquanto os demais foram desconsiderados por fugirem ao assunto ou por serem revisões. Os dados foram extraídos, tabulados e examinados a fim de explorar possíveis vieses, limitações, a qualidade da evidência e impacto em pesquisas futuras.

Resultados

Dos artigos revisados, eram 15 ensaios clínicos randomizados. 8 estudos focaram em exercícios aeróbicos, como caminhada, 5 aplicaram intervenções combinadas de exercícios aeróbicos e de resistência, em 1 foi utilizados apenas exercícios resistidos e em 2 a dança/exercício coreografado. Dos 15 estudos, 10 associaram exercício físico com mudanças de hábito de vida e treinamento cognitivo. A duração dos programas de exercício variou de 12 semanas a 3 anos, com frequência que variava entre 1 e 7 vezes por semana. Os estudos mostraram que o exercício regular pode ter um efeito preventivo contra o desenvolvimento de demência, dos quais 8 mostraram uma redução significativa no risco de demência associada à prática regular de exercícios físicos e mudança no estilo de vida. As intervenções incluíam programas de exercícios aeróbicos de intensidade moderada a alta, melhoria nutricional ou suplementação e treino cognitivo. A maioria desses estudos sugeriu que a eficácia do exercício na prevenção da demência está relacionada à melhora de fatores cardiovasculares e metabólicos, frequentemente ligados ao desenvolvimento da demência. Quanto à melhoria dos sintomas de demência, 6 trabalhos relataram benefícios substanciais. Programas de exercício implementados regularmente mostraram aprimorar a cognição e a qualidade de vida em idosos diagnosticados com demência leve a moderada. A melhora na cognição foi observada principalmente em estudos que utilizaram exercícios físicos combinados com mudança do estilo de vida e treinamento de força e equilíbrio, o que sugere que uma abordagem multifacetada pode ser mais eficaz. Os resultados foram mais evidentes em medidas de memória, atenção e funções executivas.

Discussão

Vários estudos incluídos nesta revisão indicam que intervenções de exercício físico podem ter efeitos positivos na melhora da função cognitiva global e no risco de MCI e demência. Além disso, exercícios multicomponentes, que combinam atividades aeróbicas, de resistência, equilíbrio e flexibilidade, como a dança, mostraram-se mais eficazes na melhoria da função cognitiva e das atividades da vida diária em idosos com MCI ou demência. Esses estudos reforçam a ideia de que o exercício físico pode influenciar mecanismos patológicos subjacentes, como a melhora da saúde cardiovascular, um fator de risco conhecido para a demência.

Conclusão

Esta revisão sistemática indica que o exercício regular pode desempenhar um papel significativo tanto na prevenção quanto na melhoria dos sintomas de demência em idosos.