Dados do Trabalho
Título
Avaliação do desenvolvimento de atletas de natação a partir da análise do crescimento e do pico de velocidade de crescimento
Introdução e Objetivo
A avaliação do crescimento de atletas ajuda na identificação de padrões normais e anormais de crescimento na infância e adolescência, além de ser uma importante ferramenta para avaliação do status nutricional. A análise da velocidade do crescimento é o método mais sensível para detectar precocemente anormalidades do crescimento. Na puberdade, o pico de velocidade do crescimento (PVC) é de 6-12 cm/ano nos meninos e 5-10 cm/ano nas meninas. A idade do PVC é variável, sendo a média aos 11.5 anos em meninas e 13.5 anos em meninos. Após os 2 anos, a velocidade de crescimento de 95% das crianças é de ao menos 4 cm/ano, portanto crescimento menor do que este deve ser investigado para deficiências nutricionais crônicas ou causas de baixa estatura.
Objetivo: Avaliar o crescimento de atletas femininos e masculinos de natação e o comportamento do PVC.
Casuística e Método
Foram avaliados 15 atletas do sexo feminino e 10 atletas do sexo masculino da modalidade de natação com idades entre 8 e 12 anos. Foram coletados dados antropométricos na temporada de 2023 e de 2024 para comparativo de estatura e PVC.
Resultados
O crescimento médio das meninas em um ano foi de 5,6 cm com desvio padrão de 1,5 cm e dos meninos de 5,8 cm com desvio padrão de 2,1 cm. Todos os meninos estão a mais de um ano do seu PVC; dez meninas estão a menos de um ano ou já atingiram o PVC, tendo hoje idade entre 11 e 12 anos. Dos 25 atletas avaliados, apenas um atleta do sexo masculino não teve crescimento de pelo menos 4 cm em um ano. O peso médio dos meninos neste ano é de 45,92 kg com desvio padrão de 7,77 kg e das meninas é de 42,97 kg com desvio padrão de 7,57 kg.
Discussão
O crescimento médio durante um ano foi semelhante entre os sexos e conforme o esperado, já que a média de crescimento foi maior do que 4 cm/ano. Apenas um atleta do sexo masculino de 11 anos e 6 meses de idade não teve o crescimento esperado. Ele tem 150,5 cm e a estatura predita é de 177,5 cm, conforme cálculo pela estatura dos pais. Na curva do crescimento ele se encontra entre os percentis 50 e 85, com uma estatura prevista de 180 cm se seguir nesse canal de crescimento, o que está de acordo com o predito. Esse atleta ainda está a 2,2 anos do seu PVC, portanto se espera que ele tenha um aumento anual de estatura conforme o esperado e ainda maior do que neste último ano. Todavia, deve-se fazer uma avaliação periódica mais frequente e uma revisão de sua dieta, a fim de que se detecte qualquer deficiência nutricional que possa estar prejudicando o seu crescimento.
Todos os meninos avaliados estão a mais de um ano do seu PVC. Entre as meninas, 10 delas estão a menos de um ano ou já atingiram o PVC, o que está de acordo com o esperado, visto que a idade em que se atinge o PVC entre os meninos ocorre mais tarde do que entre as meninas. A idade das meninas que estão a menos de um ano ou já atingiram o PVC é de 11 a 12 anos, o que condiz com a idade média descrita na literatura. O mesmo ocorre com os meninos, pois o PVC médio é com 13,5 anos e os atletas estão agora com idade entre 9 e 12 anos.
Não houve diferença entre o peso médio entre os sexos.
Conclusão
Os atletas do estudo estão dentro do padrão esperado. Todos, à exceção de um menino, tiveram crescimento anual maior ou igual a 4 cm/ano. Não houve diferença no crescimento médio anual entre os sexos. As meninas na maioria estão dentro do ano do PVC, o que confere com os dados da literatura. Podemos concluir que estes atletas apresentam um padrão de crescimento dentro do esperado para as suas idades. É recomendado manter a avaliação periódica anual para acompanhamento do crescimento dos atletas. A análise do crescimento através de curvas de crescimento e do PVC são ferramentas simples de aplicar que trazem relevantes informações, possibilitando a detecção precoce de anormalidades de crescimento, deficiências nutricionais crônicas e também auxiliam na programação de treinamento e cargas de treinamento.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Grêmio Náutico União - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Clarissa Gunther Borges, Ana Paula Tubino, Felipe Moré, Rosemary Petkowicz