Dados do Trabalho


Título

Espondilólise e Baixo IMC em um Atleta de Voleibol: Um Relato de Caso

Introdução e Objetivo

A espondilólise é um defeito bilateral ou unilateral na coluna vertebral, geralmente acometendo as vértebras lombares distais. Sua prevalência é associada com a prática de exercícios demandantes de esforço intenso da coluna, bem como a idade jovem, genética e baixo IMC, sendo uma causa de lombalgia e espondilolistese.
Objetivo: Relatar caso de espondilólise relacionada ao baixo peso corporal em atleta de voleibol.

Casuística e Método

Relato de caso baseado em prontuários, exames e história clínica do paciente.

Resultados

Paciente do sexo masculino, atleta de voleibol, 16 anos, previamente hígido. Procurou atendimento por dor lombar de forte intensidade que aliviava ao repouso, sem irradiação e com piora progressiva. O quadro iniciou ao executar movimento de ataque em treino. Negou queda em treinos ou febre. Apresentava dor à palpação da região lombar e sacral, teste de Faber doloroso bilateralmente, teste de Schober positivo e teste de extensão do tronco unipodal doloroso; testes de Lasègue e de Slump negativos. Peso de 70kg e 2,02 metros de altura, com um índice de massa corporal (IMC) de 17,15 kg/m2 (baixo peso). Com a história e exame físico, suspeitou-se de espondilólise associada a um quadro de deficiência de energia relativa ao esporte (REDs). Foi solicitada ressonância magnética (RM) de coluna lombossacra e sacroilíaca e prescrito analgesia. No retorno, a RM mostrou anterolistese grau I de L5 sobre S1, com espondilólise bilateral da pars articular de L5, e pseudo protusão discal difusa neste nível e pequeno abaulamento discal difuso em L4-L5. A partir desses achados, orientou-se o uso de colete para restrição do movimento, afastamento do esporte e o atleta foi encaminhado para cirurgião de coluna. Após, o atleta retornou e referiu melhora da dor. Realizado raio-X de controle e encaminhamento para fisioterapia. Três meses após o primeiro atendimento, o atleta estava sem dor e com raio-x de controle ainda apresentando espondilólise e espondilolistese de L5 sobre S1 estável. Também se constatou um percentual de gordura corporal de 2,43%, sendo orientado a aumentar o aporte calórico.

Discussão

A espondilólise é um defeito gerador de descontinuidade óssea na região da lâmina entre os processos articulares superiores e inferiores das vértebras, e em 95% dos casos ocorre na vértebra L5. O estresse mecânico repetitivo é o principal fator de risco para essa patologia. Seu diagnóstico é clínico e radiológico. A progressão da lesão leva ao deslizamento de uma vértebra sobre a seguinte, geralmente uma movimentação anterior (anterolistese). O baixo IMC e a REDs, resultado da ingestão calórica insuficiente e/ou do gasto energético excessivo, podem ter papel no desenvolvimento da espondilólise. A REDs pode alterar a saúde óssea, ocasionando perda de massa óssea e aumentando o risco de lesões como a espondilólise. Em relação ao tratamento, se orienta o uso de medicamentos sintomáticos, o afastamento do esporte e o repouso relativo, podendo ser necessário uso de colete restritivo. Também se recomenda o acompanhamento clínico e radiológico da lesão. Em lesões de elevado grau, uma intervenção cirúrgica pode ser necessária.

Conclusão

O baixo peso corporal e o possível diagnóstico de REDs no atleta associado à rotina esportiva exaustiva com repetição de movimentos de hiperextensão da coluna propiciaram o surgimento da espondilólise. Dessa forma, é notório ressaltar a importância do acompanhamento de equipe multidisciplinar em jovens atletas, como o seguimento nutricional e médico para identificar precocemente e evitar a ocorrência de lesões por inadequação da relação de saúde corporal e treinamento esportivo.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Instituto de Medicina do Esporte - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Vitor Lamb Bueno, Amanda Cortes Molon, Amanda Boettcher, Leonardo Pizzolo, Clarissa Gunther Borges, Gabriel Lopes Amorim