Dados do Trabalho

Título

EFETIVIDADE DA TERAPIA DE RESTRIÇÃO DE FLUXO SANGUÍNEO NA REABILITAÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR EM ATLETAS: IMPACTO NA PRESERVAÇÃO MUSCULAR E EVIDÊNCIAS CLÍNICAS

Introdução e Objetivo

A reabilitação após reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA) é desafiadora e de longo prazo, sendo crucial minimizar a hipotrofia muscular para garantir o retorno esportivo de forma eficiente e rápida. Estudos indicam que a perda muscular pode ocorrer em cinco dias de inatividade, exigindo estratégias eficazes contra a atrofia e acelerando tanto a reabilitação muscular quanto o desempenho esportivo. Atletas com assimetria de força no quadríceps, ao retornar, podem apresentar função reduzida do joelho e assimetria na aterrissagem, acarretando novas lesões. Nesse contexto, a terapia de restrição de fluxo sanguíneo (RFS) surge como alternativa quando altas cargas são contraindicadas. Ao usar o dispositivo de compressão para restringir o fluxo sanguíneo nos músculos durante exercícios de baixa intensidade, a RFS induz um estresse oxidativo que ativa metaborreceptores e aumenta a secreção do hormônio do crescimento (GH) e de fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF-1). Como resultado, cria-se um ambiente anabólico que favorece a aceleração da recuperação muscular e o aprimoramento do desempenho funcional. O seguinte trabalho tem como objetivo avaliar a eficácia da RFS durante o processo de reabilitação pós-reconstrução do LCA em atletas de alto rendimento.

Casuística e Método

Revisão integrativa de literatura nas bases MedLine e BVS, com seleção de artigos publicados nos últimos 5 anos, disponíveis em texto completo nos idiomas inglês e português. Utilizou-se os descritores "Blood flow restriction", "ACL reconstruction" e "rehabilitation". Os critérios de inclusão foram estudos com metodologia semelhante, sendo ensaio clínico randomizado e estudos observacionais, excluindo artigos que não se basearam na prática de RFS para reabilitação pós-cirúrgica em atletas de ambos o sexo, com idade superior a 18 anos.

Resultados

Na busca encontraram-se 14 artigos e, após leitura completa dos textos nove foram selecionados. Desta amostra, oito estudos afirmaram a eficácia da RFS na promoção da hipertrofia muscular e na mitigação da atrofia durante a reabilitação. Um estudo sugeriu que a eficácia da RFS depende do protocolo e das características individuais dos atletas. Em dois trabalhos a terapia foi associada a uma resposta endócrina, com aumento da somatotrofina e da testosterona. Três estudos mostraram benefícios adicionais na resistência aeróbia e potência. Um estudo destacou a reabilitação prolongada como efeito negativo da técnica de RFS, enquanto outro artigo não encontrou benefícios da mesma.

Discussão

A RFS demonstrou eficácia consistente em promover hipertrofia muscular e mitigar a atrofia durante a reabilitação pós-reconstrução de LCA. A técnica acelera o retorno ao esporte, com a maioria dos estudos destacando ganhos de força muscular com cargas leves, o que é essencial nos estágios iniciais da reabilitação. Comparada ao treinamento tradicional com cargas altas, a RFS apresentou resultados semelhantes, porém com a vantagem de utilizar cargas menores, o que minimiza o risco de sobrecarga articular. Além disso, alguns estudos relataram uma resposta endócrina positiva, intensificando os ganhos musculares. Contudo, a eficácia da RFS pode depender do protocolo e das características individuais dos pacientes. Efeitos colaterais, como desconforto e dor, foram relatados, embora transitórios. Algumas pesquisas não identificaram vantagens claras da RFS na mitigação da atrofia, e há controvérsias quanto à reabilitação prolongada em certos casos.

Conclusão

A RFS mostra potencial na reabilitação pós-reconstrução de LCA, sendo promissora para hipertrofia e aumento da força muscular no cenário esportivo. Recomenda-se aprofundar as investigações sobre os protocolos de RFS, o uso em terapias combinadas e monitorar efeitos a longo prazo.