Dados do Trabalho


Título

Anafilaxia Induzida Pelo Esporte: Uma Revisão de Literatura

Introdução e Objetivo

A anafilaxia induzida pelo esporte (AIE) é um quadro potencialmente fatal resultado de uma liberação sistêmica intensa de mediadores inflamatórios relacionada à prática de exercício físico, podendo ou não ter fatores alimentares e medicamentosos como desencadeantes. Possui início súbito que pode ocorrer durante ou após a atividade física com comprometimento cutâneo associado a um ou mais sistemas. Apesar da anafilaxia induzida pelo esporte representar cerca de 3-5% de todos os casos de anafilaxia e possuir alguns diagnósticos diferenciais, principalmente urticária colinérgica, saber identificar o quadro é de extrema importância para evitar o óbito. O trabalho busca contribuir para a propagação do conhecimento já produzido, visto que os quadros de anafilaxia são subdiagnosticados e subnotificados.

Casuística e Método

Esse estudo consiste em uma revisão integrativa de literatura, que busca identificar, a partir de dados secundários, os principais artigos sobre anafilaxia, anafilaxia induzida pelo esporte e urticárias físicas. Nesse sentido, foi utilizado as plataformas SciELO, LILACS e MedLine para a pesquisa das palavras-chave: “Anafilaxia”, “Exercício”, “Tratamento” e “Fisiopatologia”, seus respectivos sinônimos em outras linguagens e sua combinação, mantendo “Anafilaxia” como palavra-chave central. Além disso, os artigos selecionados foram na amostra temporal de 2015 à 2024, nos idiomas português, inglês e espanhol.

Resultados

Foram encontrados 277 artigos envolvendo as quatro palavras-chave, depois da eliminação de duplicatas foram encontrados 134 artigos, os quais foram avaliados por seu título, resumo e tipo de estudo, restando 8 artigos nesta revisão.

Discussão

A anafilaxia induzida pelo esporte (AIE) pode ocorrer sem a dependência de alimentos e de medicamentos - sendo o exercício físico aeróbico gatilho para a sua precipitação - ou com essa necessidade - podendo ser mediada por IgE ou não. No caso da primeira, é necessário a relação entre a ingestão de um alimento com sensibilização atópica prévia mediada por IgE e a prática de exercício físico. Entretanto, em cerca de 54% dos casos a AIE com dependência alimentar é não-mediada por IgE, ou seja, não precisa de sensibilização atópica alimentar.
Ademais, existe a AIE com dependência medicamentosa, que compõe 13% dos casos, a qual envolve o uso dos medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) e antibióticos (cefalosporinas), em conjunto com a prática esportiva.
A urticária colinérgica (UC) é um dos principais diagnósticos diferenciais. Enquanto que na UC as lesões são puntiformes de 1 a 3mm de diâmetro, na AIE elas são grandes de 10 a 15mm e podem coalescer. Apesar de ambas acontecerem por estímulo esportivo, somente a UC tem associação com o aumento da temperatura corporal.
Os pacientes com essa hipersensibilidade devem realizar exercícios físicos sempre acompanhados, evitar a ingestão de alérgenos conhecidos de 4 a 6 horas antes da prática e evitar os medicamentos, entre 24 e 48 horas prévias. Diferente da urticária, os anti-histamínicos anti-H1 não são eficazes no tratamento, podendo mascarar sintomas cutâneos e os anti-H2 devem ser contraindicados, pois tem o poder de piorar o quadro ao facilitar a ingestão dos alérgenos. Portanto, o tratamento preconizado capaz de evitar óbitos é o uso da epinefrina intramuscular no vasto lateral da coxa.

Conclusão

A prática de exercícios físicos é fundamental para o funcionamento ideal do corpo humano, entretanto, é importante reconhecer que ele pode ser um gatilho para quadros como o de anafilaxia que são potencialmente fatais. Logo, saber identificar um quadro anafilático e como abordar de forma adequada é o diferencial entre a vida e a morte dos atletas acometidos, além de ser necessário para implementar medidas preventivas e estratégias de resgates eficientes, principalmente em centros esportivos.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Laura da Rocha Silveira, Vinícius Lavier Cancela Netto, Giulia Ribeiro Farroco, João Victor Almeida da Costa, Thayanne Franco Dias, Beatriz dos Santos Almeida