Dados do Trabalho


Título

O uso de monitoramento contínuo de glicose em atletas não diabéticos

Introdução e Objetivo

O monitoramento contínuo de glicose (CGM) é uma ferramenta excelente de controle da glicemia que fornece ao usuário uma medição contínua da glicose intersticial em períodos de 24 horas, que podem ser obtidos através de um leitor glicêmico. O CGM foi, inicialmente, projetado para auxiliar no gerenciamento clínico de indivíduos diabéticos. Todavia, recentemente, atletas amadores mostraram interesse na aplicação do CGM para o monitoramento da glicose intersticial em tempo real durante treinos e provas desportivas, permitindo um melhor controle da reposição de carboidratos (CHO). Esse interesse baseia-se na necessidade de manter níveis ideais de glicose durante o treinamento de forma individualizada conforme o metabolismo de cada atleta e o tipo de atividade física praticada para, assim, atingir um melhor desempenho e resultado. Essa revisão tem como objetivo avaliar o uso de CGM em atletas não diabéticos.

Casuística e Método

Trata-se de um estudo de revisão integrativa de literatura na base de dados PubMed, entre 2020 e 2024, usando as palavras-chave “Continuous Glucose Monitors” e “athlete”, alternados pelo operador booleano AND. Foi utilizado esse período em virtude dessa temática ser um objeto de estudo recente. Dos 29 resultados, 5 foram selecionados, incluindo artigos originais e revisões com relevância científica sobre o tema.

Resultados

A literatura analisada em que foi utilizado o CGM para monitorização da glicose em atletas revela uma correlação positiva entre os níveis mais baixos e médios de variação de glicose e a velocidade de corrida em atletas, mas não entre os níveis mais altos de variação de glicose e a velocidade de corrida. Além disso, foi encontrada uma correlação positiva entre a quantidade de consumo total de carboidratos e o desempenho na corrida. A homeostase contínua da glicose e a manutenção de um nível apropriado de glicose pareceram ser mais importantes do que atingir altas concentrações de glicose, sendo observado melhor desempenho de corrida com padrões de glicose estáveis. Em contrapartida, diferentes sensores e locais para colocação de sensores demonstraram afetar a glicose intestinal após uma carga de glicose, com sensores colocados na perna relatando consistentemente valores mais baixos do que sensores colocados na parte superior do braço durante o repouso e quando o fluxo sanguíneo foi elevado pela exposição ao calor.

Discussão

Os resultados obtidos mostram que o uso do CGM pode ser benéfico, contudo, vale salientar que os CGMs produzem um grande volume de dados em prazos muito curtos, apresentando aos usuários e profissionais o desafio de revisar e interpretar leituras relevantes de glicose. Somado a isso, como esse é um tema atual de pesquisa, apenas um pequeno número de estudos investigou a resposta de glicose à ingestão de CHO durante as atividades usando os dados obtidos por meio do CGM.

Conclusão

Conclui-se do presente trabalho que o CGM possui um grande potencial no auxílio do controle da glicose durante a atividade física em atletas não diabéticos. Porém, são necessárias mais análises e pesquisas sobre o tema para consolidar uma base de evidências apropriada que forneça assistência aos atletas não diabéticos, melhorando a reposição de CHO e, consequentemente, o desempenho.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Natascha dos Santos Böddener, Valentina de Ávila Gomes Carneiro Dutra Câmara, Daniel Netto de Aquino, Victor Masaki Souza Horiba