Dados do Trabalho

Título

Efeito da suplementação de cafeína sobre o desempenho físico após exercício em indivíduos com variações dos genes CYP1A2 e ADORA2A - uma revisão narrativa

Introdução e Objetivo

A cafeína, conhecida como 1,3,7-trimetilxantina, é um tipo de suplemento ergogênico estimulante muito utilizado por atletas e não atletas. Atua como antagonista de receptores de adenosina, além de estar relacionada à ativação dos genes CYP1A2 e ADORA2A. Devido aos polimorfismos genéticos, foi criada a hipótese de que as variações dos genes teriam influência no desempenho esportivo de quem consome a cafeína. Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo verificar o efeito da suplementação de cafeína sobre o desempenho físico após exercício em indivíduos com variações dos genes CYP1A2 e ADORA2A.

Casuística e Método

Pesquisa realizada na base de dados PubMed, utilizando os descritores MeSH: “Caffeine” AND “Genotype” AND “Exercise”. Critérios de inclusão: abordagem das variações de genótipos e os efeitos da cafeína. Foram excluídos estudos com opinião de especialista, relato de caso, revisões e guia. Foram encontrados 61 estudos, sendo 41 excluídos após a leitura do título, resumo e trabalho na íntegra. Vinte estudos foram incluídos nesta revisão.

Resultados

Diferentes métodos foram utilizados para avaliar o desempenho físico, como testes de velocidade, potência, número de repetições, vigilância psicomotora, altura do salto, além de parâmetros como redução da inflamação e recuperação muscular. O tipo de suplementação de cafeína também variou entre cápsulas, cafeína anidra, mastigável e enxaguante bucal. A dosagem variou entre 2 mg/kg até 6 mg/kg, administrada entre 1-3 horas antes do exercício até 2 semanas depois da realização dos testes. Os genótipos mais estudados foram CYP1A2 e seu polimorfismo rs762551, diferenciando os participantes portadores em AA, AC e CC e o gene ADORA2A, com o polimorfismo rs5751876. Entre os 20 estudos incluídos, 16 afirmaram haver benefícios do uso de cafeína no desempenho esportivo. A suplementação antes do exercício pode melhorar agudamente a agilidade, explosão, resistência, oxidação de gordura e desempenho geral. A ingestão após exercício pode diminuir a resposta inflamatória muscular. Quatro estudos negaram relação entre a metabolização de cafeína, variação genética e desempenho físico. Dois deles verificaram melhora nas respostas fisiológicas, não importando o polimorfismo genético. Outros 2 mostraram que a cafeína não teve efeito em exercícios aeróbios, nem houve influência dos polimorfismos.

Discussão

Diferentes métodos e formas de suplementação de cafeína foram abordados, dificultando a comparação dos resultados. A maioria dos estudos encontrou evidências de que o polimorfismo dos genes CYP1A2 e ADORA2A influenciam positivamente no desempenho físico, sugerindo interação significativa entre a genética e os efeitos da cafeína. Os “metabolizadores rápidos” da cafeína apresentaram maior benefício dos efeitos da cafeína, em menor tempo, quando comparados aos “metabolizadores lentos”. A suplementação antes do exercício mostrou resultados positivos para o desempenho e a ingestão de cafeína após exercício foi associada à possível contribuição para recuperação mais rápida. Não foi possível encontrar uma relação clara entre a metabolização da cafeína, os polimorfismos genéticos e o desempenho físico em alguns estudos. Por fim, a maioria dos estudos é transversal, o que reduz a possibilidade de se estabelecer causalidade.

Conclusão

Atletas e profissionais de saúde podem considerar a cafeína como uma intervenção para melhora do desempenho físico. Alguns estudos apontam que os benefícios podem ser maiores em indivíduos com os polimorfismos rs762551 do gene CYP1A2 e rs5751876 do gene ADORA2A. No entanto, a variabilidade dos desenhos experimentais sugere que mais estudos são necessários para esclarecer melhor os efeitos da suplementação de cafeína sobre o desempenho físico influenciado pela interação dos polimorfismos genéticos.