Dados do Trabalho


Título

Respostas morfométricas da musculatura estriada esquelética de ratos submetidos a suplementação com creatina e treinamento intervalado de alta intensidade

Introdução e Objetivo

A suplementação de creatina contribui positivamente na capacidade de realização de exercícios de alta intensidade em curto prazo, resultando em ganhos de massa, potência e força muscular. Porém, quando associada a treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT), as respostas de crescimento muscular ainda são pouco conhecidas.
O objetivo deste trabalho foi analisar a influência da suplementação com creatina monohidratada e do HIIT sobre a morfologia de diferentes músculos estriados esqueléticos em ratos saudáveis.

Casuística e Método

Ratos Wistar machos (n=48) foram distribuídos em quatro grupos: controle (C), controle e creatina (CC), HIIT (H) e HIIT associado à suplementação com creatina (HC). Os animais C e H receberam dieta comercial, enquanto CC e HC receberam ração suplementada com creatina monohidratada 2%; os grupos H e HC realizaram um protocolo de HIIT em esteira rolante (5x/semana). O protocolo teve duração de 12 semanas. A seguir, os animais foram eutanasiados; a morfologia macroscópica dos músculos sóleo e gastrocnêmio foi analisada a partir de valores absolutos e relativos da massa tecidual, levando-se em conta o comprimento da tíbia. A morfologia microscópica foi realizada a partir de lâminas histológicas de amostras do sóleo e porção branca do gastrocnêmio coradas em hematoxilina e eosina. As lâminas foram analisadas com uma ampliação de 400× em microscópio óptico acoplado a uma câmera de vídeo de projeção de imagens digitais. Foram consideradas pelo menos 100 células por animal. A área da fibra muscular foi medida usando o software Image J. Análise estatística: Two-Way ANOVA e teste de Tukey. CEUA: 1246/2022.

Resultados

A massa absoluta do gastrocnêmio (C, 2.231±127; CC, 2.297±106; H, 2.009±217; HC, 2.121±111 mg) foi maior nos grupos sob creatina do que nos grupos que consumiram ração comercial (p=0,049), e nos treinados quando comparados com os sedentários (p<0,001). A relação entre massa do gastrocnêmio e comprimento da tíbia foi menor nos grupos treinados (C, 53,2±3,7; CC, 54,2±3,9; H, 47,3±4,7; HC, 50,2±2,9 mg/mm). De modo similar, massa de sóleo, em valores absolutos (C, 189±26; CC, 172±19; H, 162±37; HC, 167±21 mg) e normalizados pela tíbia (C, 4,51±0,67; CC, 4,05±0,52; H, 3,79±0,77; HC, 3,95±0,48 mg/mm), foi menor nos treinados do que nos grupos controle (p=0,03). Os valores de área da fibra transversal da porção branca do músculo gastrocnêmio (C, 3218±848; CC, 3173±811; H, 2507±900; HC, 2481±653 µm²) e do sóleo (C, 2708±799; CC, 2407±320; H, 2248±344; HC, 1994±254 µm²) foram reduzidos em resposta ao HIIT (p<0,001).

Discussão

A suplementação de creatina, isoladamente ou combinada com o HIIT, não alterou a morfometria macro e microscópica dos tecidos musculares analisados. O treinamento culminou em menores valores de massa muscular normalizada pela tíbia e área de fibra transversa. Apesar da creatina aumentar o substrato energético para realização de exercícios de alta intensidade e curta duração, a suplementação não repercutiu em hipertrofia muscular, quando associada ao HIIT. Admite-se que a melhora na capacidade funcional e do desempenho mitocondrial podem ocasionar redução das fibras musculares, o que pode estar associado com maior metabolismo oxidativo.

Conclusão

O HIIT reduz a massa muscular e área de secção transversa dos músculos sóleo e gastrocnêmio (porção branca).

Área

Medicina do Esporte

Autores

Caroline Rezende dos Reis, Maria Lua Marques Mendonça, Ana Thais Lima Megliato, Alex Yuiti Ogura, Paula Felippe Martinez, Silvio Assis de Oliveira-Junior