Dados do Trabalho

Título

ANÁLISE DO PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLOGICO E ERGOESPIROMÉTRICO DE PACIENTES DO SEXO FEMININO QUE INGRESSARAM NUM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR

Introdução e Objetivo

Os programas de reabilitação cardiovascular (PRCV) são serviços que auxiliam no tratamento dos efeitos fisiológicos e psicológicos das doenças cardíacas (DC). É sabido que existem diferenças de sexo no desenvolvimento e diagnóstico de DC que pressagiam disparidades específicas do sexo na clínica, gestão e resultados. Nos PRCV essa realidade não é diferente, já que carecem de recomendação específica para mulheres, possuindo produção científica insuficiente focada nesse público

Casuística e Método

Analisar o perfil feminino no ingresso a um PRCV. Estudo transversal através de análise de dados coletados de prontuários e exames de 105 pacientes mulheres que ingressaram em um PRCV. Casuística: análise de dados demográficos e clínicos das pacientes do sexo feminino que ingressaram num PRCV a fim de entender as necessidades e desafios específicos enfrentados por esse grupo.

Resultados

Foram analisadas 105 pacientes que ingressaram num PRCV. A média etária foi de 59,8 anos, com a seguinte distribuição: menor ou igual a 49 anos 19%; 50 a 59 anos 27,6%, 60 a 69 anos 33,3%; maior ou igual a 70 anos 20%. Houve a seguinte distribuição conforme as comorbidades: hipertensão arterial sistêmica (HAS) 80%; dislipidemia 58%; doença arterial coronariana (DAC) 59%; diabetes mellitus 26,6%; insuficiência cardíaca 32,4%; valvulopatia 16,2%; cardiomiopatia 15,2%; tabagismo 16,2%. Em relação ao teste cardiopulmonar de esforço (TCPE), elas atingem as seguintes médias: consumo pico de oxigênio de 13,84 mL/min/kg e valor pico de pulso de oxigênio de 14,4 mL/batimento. Acerca do valor do coeficiente respiratório (indicativo de alcance do esforço máximo quando possui valor igual ou superior a 1,1) apenas 36,1% delas atingiram o esforço máximo. Os exames de ecocardiograma transtorácico indicam a seguinte distribuição quanto a fração de ejeção: acima de 50% em 78 (74,3%), menor ou igual a 40% em 19 (18,1%), entre 40% a 50%, em 8 (7,6%). O índice de massa corporal demonstrou a seguinte distribuição: abaixo do peso 0%; eutrófico 28,6%; sobrepeso 31,4%, obesidade grau I 29,5%, obesidade grau II 5,7%, obesidade grau III 4,8%.

Discussão

A incidência de doenças cardiovasculares em mulheres vem aumentando progressivamente desde a metade do século passado. Além das mudanças fisiológicas hormonais que sempre as acometeram na menopausa e a prevalência crescente de obesidade, a mudança de hábitos e de estilo de vida adotados semelhante aos dos homens contribuem para o aumento do risco de eventos cardiovasculares. Tais fatos são corroborados pelas mulheres apresentarem, no geral, um alto valor de IMC ao ingressarem no PRCV validando o predito de que possuem um baixo grau de condicionamento físico e hábitos de estilo de vida não saudáveis. Ademais, as mulheres, em relação aos homens, conforme a literatura, são mais propensas a realizar testes de exercício submáximos, tendo implicações importantes para a individualização da prescrição de exercício (isto é, intensidade do exercício) utilizada durante as sessões de PRCV. Isso é indicado no presente estudo, uma vez que elas atingiram uma média de VO2 pico durante a realização do TCPE de 13,84 mL/min/kg e o estimado para elas conforme a faixa etária média seria de 25 mL/min/kg

Conclusão

A maioria das ingressantes do PRCV possuem HAS, DAC, sobrepeso e obesidade, idade entre 60 a 69 anos, fração de ejeção superior a 50%. Acerca do TCPE, elas, majoritariamente, não atingiram o esforço máximo e possuem um baixo valor médio de pico de oxigênio, isso pode ser explicado pelo fato de que mulheres buscam mais tardiamente o PRCV do que homens, tendo mais comorbidades associadas e, consequentemente, menor desempenho. Outrossim, infere-se que elas, em geral, exercitam-se menos ao longo das suas vidas, logo, possuindo menor desempenho físico e menor consciência corporal.