Dados do Trabalho

Título

FATORES PSICOSSOCIAIS INFLUENCIAM O RETORNO AO ESPORTE APÓS RECONSTRUÇÃO DO LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR: REVISÃO DE REVISÕES

Introdução e Objetivo

A ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) é uma lesão frequente entre atletas que pode comprometer significativamente suas carreiras esportivas. Apesar de a reconstrução do LCA (RLCA) ser o tratamento padrão para restaurar a estabilidade e a função do joelho, muitos atletas não retornam ao nível de desempenho anterior. Fatores psicossociais têm sido reconhecidos como determinantes críticos nesse processo de retorno ao esporte. O objetivo deste estudo foi identificar e sintetizar os fatores psicossociais que influenciam o retorno ao esporte após RLCA.

Casuística e Método

Foi realizada uma revisão sistemática de revisões seguindo as diretrizes PRISMA. As bases de dados PubMed/MEDLINE e Biblioteca Virtual em Saúde foram consultadas entre março e maio de 2024, utilizando descritores MeSH e DeCS relacionados a "fatores psicossociais", "reconstrução do ligamento cruzado anterior" e "retorno ao esporte". Foram incluídas revisões sistemáticas que investigaram fatores psicossociais associados ao retorno ao esporte após RLCA em atletas profissionais ou amadores. Excluíram-se revisões que abordavam outros procedimentos no joelho, estudos com menos de 9 meses de acompanhamento, participantes com histórico de outras cirurgias de RLCA e revisões que não focavam exclusivamente em lesões do LCA. A qualidade metodológica das revisões foi avaliada por ferramentas apropriadas, classificando o risco de viés em baixo, moderado ou alto.

Resultados

Foram incluídas dez revisões sistemáticas, abrangendo um total de 42.805 atletas de diversas modalidades esportivas, como futebol, basquete, rugby, tênis e atletismo. Os principais fatores psicossociais identificados que influenciam o retorno ao esporte após RLCA foram o medo de relesão, que se mostrou a principal barreira, levando a comportamentos de evitação e menor participação esportiva; a falta de confiança no joelho reconstruído, afetando o desempenho e aumentando a hesitação em retornar ao esporte; ansiedade e depressão, comprometendo a motivação e a adesão à reabilitação; e motivação reduzida, dificultando o engajamento nos programas de recuperação. Por outro lado, fatores como resiliência e autoeficácia facilitaram a superação de desafios durante a reabilitação. O suporte social e institucional, incluindo a influência positiva de familiares, amigos e profissionais de saúde, foi considerado crucial para o retorno bem-sucedido ao esporte. A maioria das revisões apresentou risco moderado de viés.

Discussão

Os achados ressaltam que fatores psicossociais desempenham um papel crucial no sucesso do retorno ao esporte após RLCA. O medo de relesão e a falta de confiança podem persistir mesmo após a recuperação física, indicando a necessidade de intervenções que abordem a prontidão psicológica. A incorporação de avaliações psicológicas sistemáticas e suporte emocional nos programas de reabilitação pode melhorar a adesão ao tratamento e os desfechos funcionais. Abordagens personalizadas que considerem o perfil psicossocial individual dos atletas, incluindo estratégias para aumentar a confiança e reduzir a ansiedade, podem facilitar um retorno mais seguro e eficaz ao esporte. Além disso, o envolvimento de equipes multidisciplinares pode ser benéfico para abordar os diversos fatores que influenciam o retorno ao esporte.

Conclusão

Fatores psicossociais, especialmente medo de relesão, falta de confiança e motivação reduzida, influenciam significativamente o retorno ao esporte após RLCA. Intervenções que integrem reabilitação física e suporte psicológico podem auxiliar na superação dessas barreiras, promovendo um retorno mais seguro e eficaz às atividades esportivas.