Dados do Trabalho
Título
CONTRAÇÃO ISOMÉTRICA COM HANDGRIP AUMENTA RESPOSTAS HEMODINÂMICAS DURANTE EXERCÍCIO CÍCLICO: ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO
Introdução e Objetivo
A compreensão das respostas hemodinâmicas durante o exercício é essencial para a prescrição segura de atividades físicas. A contração isométrica simultânea ao exercício cíclico pode aumentar a sobrecarga cardiovascular, mas seus efeitos específicos não estão completamente esclarecidos. Este estudo teve como objetivo investigar se a contração isométrica com handgrip (HG) modula a frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e duplo produto (DP) durante o exercício cíclico em adultos jovens.
Casuística e Método
Realizamos um ensaio clínico randomizado crossover com 40 homens saudáveis, idade mediana de 23 (21-26) anos, classificados como ativos ou irregularmente ativos pelo IPAQ versão curta. Os participantes realizaram três protocolos em esteira ergométrica, com intervalos de uma semana entre eles: P1) exercício sem HG; P2) exercício com HG a 30% da força de preensão manual (FPM); P3) exercício com HG a 60% da FPM, determinada por dinamometria manual. Cada protocolo consistiu em quatro sprints de 2 minutos a 50% da FC de reserva, intercalados por 1 minuto a 30% da FC de reserva. A contração isométrica com HG foi realizada simultaneamente ao exercício cíclico nos protocolos P2 e P3. FC, PAS, PAD e DP foram medidos ao final de cada sprint e durante a recuperação (imediatamente, 1, 3 e 5 minutos pós-exercício). Utilizamos os testes de Kruskal-Wallis e Friedman para análise estatística, adotando nível de significância de p<0,05.
Resultados
Observamos que a FC aumentou significativamente do primeiro para o segundo sprint em todos os protocolos (p<0,05), mantendo-se elevada nos sprints subsequentes, sem diferenças significativas entre os protocolos nos mesmos momentos. A PAS aumentou significativamente nos protocolos com HG, sendo mais pronunciada no P3 a partir do segundo sprint (p<0,05). O DP foi maior no P3 em comparação ao P1, refletindo o aumento da PAS. A PAD elevou-se nos protocolos P2 e P3 em relação ao P1 a partir do segundo sprint (p<0,05).
Discussão
Nossos achados indicam que a contração isométrica com HG durante o exercício cíclico intensifica as respostas pressóricas, aumentando PAS e PAD sem influenciar significativamente a FC. Este efeito pode ser atribuído ao aumento da resistência vascular periférica induzida pela contração isométrica, resultando em maior sobrecarga cardiovascular. A resposta mais acentuada no P3 sugere uma relação dose-resposta entre a intensidade da contração isométrica e as alterações hemodinâmicas. Esses resultados destacam a importância de considerar os componentes isométricos na prescrição de exercícios, especialmente em indivíduos com risco cardiovascular.
Conclusão
Concluímos que a contração isométrica com handgrip durante o exercício cíclico aumenta significativamente a PAS, PAD e DP, sem alterar a FC, indicando maior demanda cardiovascular. Esses resultados são relevantes para a prescrição de exercícios que combinam componentes isométricos e dinâmicos, sugerindo cautela especial em populações com risco cardiovascular. Recomenda-se que profissionais de saúde considerem esses efeitos ao prescrever exercícios físicos, e estudos futuros devem explorar os mecanismos subjacentes e as implicações clínicas em diferentes populações.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública - EBMSP - Bahia - Brasil, Faculdade Atenas - Bahia - Brasil, Faculdade da Região Sisaleira – FARESI - Bahia - Brasil
Autores
Marvyn de Santana do Sacramento, Ramon Martins Barbosa, Ana Clara Ramos Ferreira, Alan Carlos Nery dos Santos, Pedro Elias Santos Souza, Jefferson Petto