Dados do Trabalho

Título

EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA NA FUNÇÃO COGNITIVA DE IDOSOS COM EXCESSO DE PESO CORPORAL

Introdução e Objetivo

INTRODUÇÃO: Apesar das contundentes evidências sobre os benefícios da atividade física na redução de risco do declínio cognitivo em idosos, o papel moderador do excesso de peso corporal na extensão de seus benefícios não está claro. Idosos com sobrepeso ou obesos podem se beneficiar fortemente da atividade física, uma vez que o excesso de peso corporal predispõe ao declínio cognitivo e ao aparecimento de desfechos cardiovasculares que eventualmente apresentam impacto adverso secundário na cognição. No entanto, atualmente não existe consenso se o excesso de peso corporal pode moderar o efeito da atividade física na função cognitiva.
OBJETIVO: Identificar a capacidade moderadora do excesso de peso corporal no efeito de diferentes tipos e intensidades de atividade física na função cognitiva de adultos idosos residentes na comunidade da mesorregião Norte Pioneiro do Paraná.

Casuística e Método

MÉTODOS: O estudo provém de dados preliminares de projeto de pesquisa mais amplo (Condutas do estilo de vida, força de preensão palmar, função cognitiva e saúde mental em idosos: estudo epidemiológico) ainda em andamento. Neste momento, foram analisados dados de 248 participantes de ambos os sexos com idade ≥ 60 anos. Os participantes foram inqueridos sobre a frequência semanal que realizavam atividade física aeróbia de intensidade moderada (AfAeMod) e vigorosa (AfAeVg) por pelo menos 30 minutos/dia e atividade física de fortalecimento muscular (AfFm) independentemente de sua duração. Versão traduzida/adaptada para uso no Brasil do Mini-Mental State Examination foi usada para identificar a função cognitiva. O índice de massa corporal foi empregado para identificar o excesso de peso corporal. Os dados foram analisados mediante análise de covariância ajustada para gênero, idade e escolaridade em cada estrato de peso corporal.

Resultados

RESULTADOS: Nos três grupos de idosos (eutrófico, sobrepeso e obeso) não foram identificados efeitos significativos da frequência semanal de AtAeVg e AfFm na função cognitiva. No entanto, idosos eutróficos e com sobrepeso que relataram AfAeMod ≥ 5 dias/semana demonstraram função cognitiva significativamente mais elevada do que seus pares inativos fisicamente ou que relataram frequência equivalente 1-4 dias/semana (Eutróficos: p = 0,031; Sobrepeso: p = 0,018). No caso de idosos obesos, aqueles que relataram AfAeMod 1-4 dias/semana e ≥ 5 dias/semana apresentaram função cognitiva significativamente mais elevada em comparação com os inativos fisicamente (p < 0,039).

Discussão

DISCUSSÃO: Os resultados apontaram que a AfAeMod pode oferecer significativa contribuição para função cognitiva de idosos, independentemente do peso corporal. O efeito da AfAeMod ≥ 5 dias/semana realizada por idosos com sobrepeso ou obesos sugere que o excesso de peso corporal não compromete sua resposta positiva na função cognitiva. Pelo contrário, idosos nestas condições parecem ser mais sensíveis aos benefícios da AfAeMod. Os resultados destacaram também que, enquanto a AfAeMod mostrou benefícios cognitivos, não foram observados efeitos significativos mediante a prática de AfAeVig e AfFm, sugerindo que o tipo e a intensidade da atividade física podem influenciar diferentemente os benefícios cognitivos na população idosa. Mais investigações são necessárias para identificar a mediação de outros fatores relacionados ao estilo de vida e condições de saúde pré-existentes nas associações entre atividade física e função cognitiva.

Conclusão

CONCLUSÃO: Os achados apontaram que, independentemente do peso corporal, a AfAeMod foi a modalidade de atividade física que apresentou efeito significativamente mais elevado na função cognitiva de idosos residentes na comunidade. Além do que, idosos com sobrepeso e obesos tenderam a demonstrar maior sensibilidade ao efeito da AfAeMod sobre a função cognitiva do que os eutróficos.