Dados do Trabalho
Título
DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS: O EFEITO PROTETOR DA CREATINA EM PACIENTES COM ESCLEROSE AMIOTRÓFICA LATERAL
Introdução e Objetivo
Esclerose lateral amiotrófica (ELA) é uma condição neurológica degenerativa progressiva resultando no comprometimento da fala, deglutição, respiração, paralisia generalizada e levando a uma sobrevida mediana de 2 a 5 anos após início dos sintomas. Estudos sobre o uso da creatina têm mostrado possibilidade de uso para prolongamento da expectativa de vida dos pacientes. Assim, o objetivo desse estudo foi, além de avaliar o efeito da creatina sobre a contração muscular isométrica máxima (CMIC), investigar a eficácia do uso da creatina na proteção contra doenças neurodegenerativas, especialmente na ELA, por meio de uma meta-análise.
Casuística e Método
A literatura foi levantada na Pubmed por ensaios clínicos randomizados com a expressão “creatine AND (neurodegenerative diseases OR neurodegenerative disorders) AND (neuroprotective treatments OR neuroprotective effects OR neuroprotective agent)”. Dos 784 estudos inicialmente recuperados, 3 estudos com total de 191 pacientes e 196 controles foram incluídos na meta-análise de efeitos fixos para a diferença média na CMIC realizada com RevMan 5.4.1.
Resultados
Apenas um dos estudos apresentou resultado favorável para creatina, porém não significativo (estimativa 0,15; IC95% -0,23 a 0,54). Os dois outros estudos apresentaram resultados favoráveis para o grupo controle, sendo somente um deles significativo (-0.99; -1,40 a -0,59). A análise global significativamente resultou em favor do grupo controle (-0,27; -0,23 a -0,06), porém com elevada heterogeneidade entre os estudos.
Discussão
Esses achados contrastam com expectativas anteriores, que postulavam um efeito neuroprotetor da creatina em doenças neurodegenerativas. A creatina tem sido investigada em várias condições devido à sua capacidade teórica de fornecer energia às células musculares e neurônios. No entanto, a ausência de evidências conclusivas de benefício no contexto de ELA destaca a complexidade dessa doença neurodegenerativa, visto que os efeitos terapêuticos de suplementos que atuam no metabolismo celular parecem ser limitados.
Conclusão
O resultado da meta-análise indica falta de evidência de benefício do uso da suplementação com creatina para pacientes com ELA, considerando a CMIC. Assim, a suplementação com creatina não pode ser recomendada como uma intervenção eficaz para melhorar a função muscular nesses pacientes com base nas evidências atuais. Portanto é pertinente fomentar estudos acerca do tema para que futuramente os dados analisados possam fornecer resultados mais relevantes e conclusivos. A ampliação da pesquisa permitirá uma compreensão mais precisa sobre o real impacto da creatina no tratamento de pacientes com ELA, auxiliando a guiar decisões terapêuticas mais eficazes.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Anna Karolina Lessi Leite, Emerson Giuliano Palacio Favaro, Felipe Matheus Bernardino Laranjeira Ferraz, Izabel Ania Magalhães de Sá, Lorena Reis Barros, Ketimam Rafaela de Souza Moraes