Dados do Trabalho


Título

EXERCÍCIO DOMICILIAR ASSOCIADO À RESTRIÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO PARA HIPOALGESIA E MELHORA DA FUNÇÃO FÍSICA NA OSTEOARTRITE DE TORNOZELO: UM RELATO DE CASO

Introdução e Objetivo

A osteoartrite (OA) é uma doença crônico-degenerativa que causa dor, rigidez e fraqueza muscular, afetando a qualidade de vida dos pacientes. Embora menos prevalente, a OA de tornozelo também resulta em significativa limitação funcional. O treinamento resistido com restrição de fluxo sanguíneo (TR+RFS) surge como uma alternativa eficaz ao treinamento de alta carga, que pode ser prejudicial nesses pacientes. Além de promover ganhos de força, o TR+RFS tem demonstrado efeitos de modulação da dor, possivelmente devido à ativação de vias descendentes inibitórias e ao aumento da liberação de beta-endorfinas, resultando em hipoalgesia. Diante do exposto, este estudo teve como objetivo analisar os efeitos do uso de exercícios domiciliares associados à restrição de fluxo sanguíneo na hipoalgesia e melhora da função física em um paciente com osteoartrite de tornozelo.

Casuística e Método

Este é um relato de caso de uma mulher de 60 anos, diagnosticada com OA de tornozelo há 3 meses. A paciente apresentava dor moderada, edema e limitação da dorsiflexão, prejudicando a marcha e atividades como subir escadas. Não houve relato de histórico de queda ou trauma no quadril, joelho e/ou tornozelo que pudesse influenciar no surgimento da dor. Após avaliação inicial, foi proposto um programa tratamento composto de 08 exercícios e realizados com RFS por 12 semanas, com três sessões semanais, sendo uma supervisionada e as demais realizadas em casa. A pressão do manguito de oclusão foi ajustada progressivamente ao longo das semanas, começando em 20mmHg e aumentando a cada duas semanas, finalizando com 70mmHg . Os exercícios objetivaram desenvolver a rotação tibial, dorsiflexão, flexão plantar e inversão do tornozelo com carga corporal associado, em alguns exercícios, ao equipamento disco proprioceptivo; cada exercício foi realizado em uma série com as repetições baseada no tempo, iniciando com 60 segundo, aumentando 15 segundos a cada 04 semanas. Foram avaliados antes e após a intervenção, os seguintes desfechos: intensidade da dor pela Escala Analógica Visual (EVA); cinesiofobia com a Tampa Scale for Kinesiophobia (TSK); função física pelo questionário WOMAC; qualidade de vida através do WHOQOL-BREF.

Resultados

A paciente teve uma aderência de 92% ao programa de intervenção, sem relatar eventos adversos. Após a intervenção houve uma redução da intensidade da dor de 80%, da cinesiofobia de 10%, indicando maior confiança no movimento. O questionário WOMAC registrou um aumento negativo de 3% do score total, enquanto a avaliação de qualidade de vida pelo WHOQOL-BREF indicou aumento significativo na percepção de saúde. A adesão ao programa foi satisfatória, com relatos de melhora geral no bem-estar.

Discussão

Os resultados sugerem que o uso de RFS em programas domiciliares é uma abordagem eficaz e segura para o tratamento da OA de tornozelo, promovendo uma redução da dor e melhorias na função física. Esse protocolo de exercícios com baixa carga e restrição de fluxo progressiva potencializou o fortalecimento muscular e a recuperação funcional. Estudos anteriores também apontam a eficácia do RFS na redução da dor em condições articulares, tornando-se uma alternativa viável para pacientes com OA.

Conclusão

O TR+RFS aplicado em um programa domiciliar de 12 semanas mostrou-se eficaz na redução da dor e na melhoria da função física de uma paciente com OA de tornozelo. Este relato destaca o potencial da RFS como estratégia complementar no tratamento da osteoartrite e sugere a necessidade estudos em maior escala para consolidar a sua aplicação clínica.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - Paraíba - Brasil

Autores

Natália Oliveira Felix Costa, Flávia Virgínia Dantas Silva, Helder Xavier Bezerra, Wanessa kelly Vieira Vasconcelos, Andryellen Santos Almeida, Rodrigo Ramalho Aniceto