Dados do Trabalho
Título
Validação de Equações Preditivas de Frequência Cardíaca Máxima em Corredores Adultos de Ambos os Sexos
Introdução e Objetivo
Equações preditivas de frequência cardíaca máxima (FC máx) são amplamente utilizadas para prescrever treinos aeróbio, determinando zonas de intensidade e otimizando o desempenho. Contudo, a precisão dessas equações pode variar substancialmente dependendo da população e do contexto de aplicação.
Casuística e Método
O estudo incluiu uma amostra inicial de 149 corredores adultos, sendo 96 homens e 53 mulheres, praticantes de corrida (mínimo de 3 vezes por semana nos últimos 3 meses). Após a exclusão de participantes com quociente respiratório (RQ) inferior a 1,1, restaram 73 homens e 37 mulheres. Os testes de esforço foram realizados no Laboratório do Estudo do Movimento do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP entre fevereiro de 2004 e setembro de 2024.
Foram avaliadas 12 equações preditivas, sendo elas: Lach, Shargal, Clássica, Tanaka, Inbar, Gellish, Fairbarn, Londeree, Whyte, Astrand, Nes e Gulati. As equações Shargal, Fairbarn e Gulati foram específicas para homens e mulheres, respectivamente, enquanto as demais foram aplicáveis a ambos os sexos. As análises estatísticas incluíram Erro Absoluto Médio (EAM), Teste t Pareado e Variação Percentual para avaliar a precisão das equações em relação aos valores reais de FC máx.
Resultados
As análises demonstraram diferenças significativas na acurácia das equações preditivas de FC máx para homens e mulheres. Entre os homens, as fórmulas de Tanaka, Inbar e Lach apresentaram os menores Erros Absolutos Médios (EAM), indicando melhor precisão. Por outro lado, as fórmulas de Whyte e Astrand mostraram discrepâncias notáveis, com diferenças significativas no teste t pareado (p < 0,0001), sugerindo superestimação dos valores reais de FC máx. Entre as mulheres, as equações de Gulati, Tanaka e Lach apresentaram os menores erros, enquanto Whyte e Astrand novamente demonstraram baixa precisão.
As variações percentuais médias também confirmaram esses achados, destacando a fórmula de Tanaka (+0,33% para homens) e Gulati (+1,71% para mulheres) como as mais acuradas. Em contraste, Whyte e Astrand apresentaram as maiores variações, reforçando a inconsistência dessas fórmulas para a população estudada.
Discussão
Os resultados indicam que as fórmulas de Tanaka, Inbar e Lach foram mais eficazes em prever a FC máx para homens, enquanto a fórmula de Gulati destacou-se para mulheres. A alta precisão dessas equações sugere que elas são mais adequadas para a prescrição de treino em corredores adultos. As diferenças observadas podem ser atribuídas ao fato de que as equações específicas para cada sexo consideram melhor a variação fisiológica entre homens e mulheres.
Por outro lado, as fórmulas de Whyte e Astrand não mostraram concordância com os valores reais de FC máx, subestimando ou superestimando sistematicamente as medidas, o que as torna inadequadas para corredores regulares. Esses achados reforçam a necessidade de utilizar equações validadas e específicas para a população estudada, evitando o uso generalizado de fórmulas que podem comprometer a segurança e a eficácia do treinamento.
Conclusão
As fórmulas de Tanaka e Inbar foram as mais acuradas para corredores homens, enquanto a fórmula de Gulati foi a mais adequada para mulheres. Essas equações forneceram estimativas mais precisas de FC máx, contribuindo para uma prescrição de treino mais segura e eficiente. Em contrapartida, as fórmulas de Whyte e Astrand não são recomendadas para corredores devido às suas grandes variações e baixa concordância com os valores reais. Os resultados reforçam a necessidade de validação das equações preditivas em populações específicas antes de sua aplicação na prática clínica e esportiva.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP - São Paulo - Brasil
Autores
Guilherme Alfonso Vieira Adami, Angelo de Medeiros Stevanato, Camilo José Rodriguez Urrego, Paulo Roberto Santos Silva