Dados do Trabalho

Título

A importância da avaliação Clínica pré-participação para a prática esportiva: um relato de caso

Introdução e Objetivo

A avaliação clínica pré-participação (APP) para a prática esportiva inclui um conjunto de avaliações detalhadas composta por diversos métodos como anamnese, exame físico, exames laboratoriais, eletrocardiograma transtorácico (ECG) em repouso e teste ergométrico, os quais são realizados previamente ao início da atividade física. Esta avaliação tem como principal objetivo identificar e prevenir condições potencialmente letais durante o esforço físico. Além disso, tem um papel fundamental para criar um planejamento personalizado que garanta a segurança e eficácia do treino esportivo para atletas de todas as idades e modalidades desportivas. O presente caso tem o intuito de ressaltar a importância da APP na identificação de condições cardiovasculares em atletas
Objetivo: Relatar caso de arritmia em jovem atleta, ressaltando a importância da APP.

Casuística e Método

Casuística e Método: Relato de caso baseado em prontuários, exames e história clínica do paciente.

Resultados

Paciente do
sexo masculino, aleta de futebol, 8 anos de idade, previamente hígido. Consultou, acompanhado de responsável legal, para realização de revisão médica para participação em atividade esportiva. Paciente apresentava-se sem queixas, eutrófico e sem alterações no exame físico. Entretanto, possuía um ECG apresentando os seguintes resultados: ritmo sinusal, frequência cardíaca de 88 bpm, com 2 extrassístoles supraventriculares em D2 longo e RV normal. Como conduta inicial foi solicitado um ecocardiograma transtorácico e um teste ergométrico. Paciente retornou com exames 1 mês após a primeira consulta, apresentando os seguintes resultados: ecocardiograma transtorácico sem alterações e teste ergométrico (protocolo Ellestad) sem critérios para isquemia esforço induzida, porém com ECG pré esforço apresentando 1 extrassístole supraventricular; ECG esforço: extrassístoles supraventriculares frequentes (algumas com condução aberrante), nos estágios iniciais, com desaparecimento no 3° estágio do esforço. ECG recuperação: extrassístoles supraventriculares frequentes. A conduta após a avaliação dos exames complementares foi a solicitação de Holter 24h, e o encaminhamento para cardiologista pediátrico, além de orientações aos familiares que o acompanhavam sobre quadro clínico e necessidade de investigação aprofundada, não sendo liberado para prática esportiva no momento.

Discussão

Embora assintomático no momento da consulta, a APP permitiu identificar alterações incomuns na atividade elétrica cardíaca, do paciente, sendo necessária uma avaliação aprofundada do caso para garantir a segurança na participação em atividades esportivas,
evitando, dessa forma, eventos adversos. As alterações de tais exames como o ECG podem ser causadas por 2 motivos principais: as mais comuns e benignas estão relacionadas com o treinamento esportivo, enquanto que as menos frequentes e consideradas de alto risco são aquelas que podem sugerir alterações estruturais ou do sistema de condução cardíaco. Em pacientes jovens, o ECG é uma ferramenta útil e de baixo custo para a detecção de doenças cardíacas graves, porém apresenta sensibilidade variável a depender da condição avaliada e da idade do atleta, sendo necessário, muitas vezes, a inclusão de outros exames complementares para um diagnóstico correto.

Conclusão

A importância da aplicação da APP se dá principalmente porque, sendo o exercício uma ferramenta na prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares, é fundamental que se garanta sua prática de forma segura, evitando que o exercício seja um desencadeante de eventos cardiovasculares, fatais ou não. Ainda que a etiologia das alterações eletrocardiográficas no caso supracitado não tenha sido evidenciada até o momento, não se trata de um caso isolado e sim de um caso que pode se apresentar no cotidiano do médico do esporte, devendo o mesmo ter as habilidades e recursos necessários para um diagnóstico correto e seguro.