Dados do Trabalho
Título
Atividade física e comportamento sedentário em municípios com baixo desenvolvimento humano
Introdução e Objetivo
O Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) é usado para identificar o perfil de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis no Brasil. Entretanto, sua aplicação limita-se às capitais. O objetivo deste estudo é descrever a prática de atividade física e o padrão de comportamento sedentário em pessoas com hipertensão arterial (HAS) ou diabetes mellitus (DM) em municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), situados em região distante das capitais.
Casuística e Método
Estudo transversal, subestudo do Projeto CHArMING (Controle da Hipertensão e Diabetes em Minas Gerais). Foram incluídas pessoas acima de 18 anos, diagnosticadas com HAS ou DM, de 5 municípios dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Minas Gerais (Caraí, Carlos Chagas, Malacacheta, Novo Cruzeiro e Poté), e com telefone disponível. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas telefônicas, usando questões da edição de 2023 do VIGITEL, que investiga atividade física no lazer, laboral, em atividades de limpeza doméstica, e no deslocamento para o trabalho ou escola, além de investigar o comportamento sedentário considerando o tempo de uso de televisão, computador, tablet e celular no tempo livre.
Resultados
Entre 1241 respondentes, 620 (50,8%) relataram praticar algum tipo de atividade física no lazer. Destes, 413 (66,6%) referiram praticar pelo menos 3 vezes por semana. Caminhadas foram as atividades mais frequentes (n=373, 59,2%). Quanto ao tempo de atividade no lazer, 252 (44,7%) afirmam praticar 60 minutos ou mais, 224 (40,3%) entre 30 e 59 minutos e 89 pessoas referiram praticar menos de 30 minutos (16,0%) por sessão. Apenas 529 pessoas (42,6%) relataram trabalhar nos 3 meses anteriores. Destes, 373 (70,8%) afirmaram realizar deslocamentos a pé durante o trabalho, e 288 (55,0%) para o trabalho. Destes, 150 (52,1%) gastam 30 minutos ou mais no trajeto. Quanto às atividades domésticas, 760 respondentes (61,3%) afirmam realizá-las sozinhos ou com outra pessoa, e destes, 725 (95,5%) relataram ser responsáveis pela faxina pesada, também sozinhos ou com outra pessoa. O uso de televisão e de outras telas (tablet, computador e celular) no tempo livre foi relatado por 975 (78,7%) e 664 (53,8%) respondentes, respectivamente. Destes, 695 (71,3%) passam 1 ou mais horas diárias assistindo televisão, e 329 (49,8%) passam 1 ou mais horas diárias em outras telas.
Discussão
Os resultados indicam que metade dos participantes do projeto realiza atividades físicas no lazer e no deslocamento, com percentuais maiores que em Belo Horizonte (40,1% e 8,9%) e no conjunto das capitais (40,6% e 12,0%), segundo o VIGITEL. Outros domínios também contribuem para o nível de atividade física dessa população, mas uma parcela importante apresenta comportamentos sedentários, comprometendo o manejo adequado da HAS e DM.
Conclusão
Os dados sugerem que, apesar de uma taxa considerável de atividade física entre os participantes, os comportamentos sedentários ainda predominam, o que pode afetar negativamente o manejo de HAS e DM. É crucial implementar estratégias que ampliem o tempo, a duração e a intensidade da prática de atividade física, principalmente no lazer, e reduzam o tempo de tela, a fim de melhorar a saúde e o controle dessas condições crônicas na população estudada.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil
Autores
Maria Cecilia Ramos de Carvalho, João Gabriel Couto Gontijo, Laura Carrara Ribeiro, Lucas Pereira Macedo Viana, Clara Rodrigues Alves de Oliveira, Milena Soriano Marcolino