Dados do Trabalho
Título
Os efeitos da cafeína isolada e combinada com paracetamol no desempenho físico, ativação muscular e dor em indivíduos com dor prévia induzida
Introdução e Objetivo
A dor muscular promove reduções no comando motor prejudicando o desempenho físico. Com o objetivo de atenuar a dor muscular, substâncias analgésicas como cafeína e paracetamol têm sido estudadas. Sabe-se que os efeitos no sistema nervoso central da cafeína podem promover efeitos ergogênico e analgésicos. Similarmente, o paracetamol é bem estabelecido pelos efeitos analgésicos também no sítio central, desta maneira podemos pensar que com redução da dor durante o exercício, faz sentido acreditar que a pessoa conseguirá permanecer mais tempo no exercício. Entre os métodos de indução de dor, a injeção salina hipertônica permite a presença dor sem que haja danos musculares ou fadiga induzida pelo protocolo, assim tornando possível estudar a dor de modo mais isolada. Deste modo, o objetivo deste estudo foi investigar se o efeito isolado da cafeína ou combinado com paracetamol é capaz de reduzir a dor no teste de carga constante à 80% da Wpico, na dor muscular e no recrutamento muscular em indivíduos com dor previamente induzidas por injeção salina hipertônica.
Casuística e Método
18 homens saudáveis foram recrutados com idade de 18 e 40 anos. O estudo foi composto por 6 visitas sendo que a primeira e a segunda visita foram realizadas de modo sequencial, enquanto a terceira a sexta visita foram caracterizadas como experimentais em ordem randomizada. Na primeira visita foi realizado medidas antropométricas, teste incremental máximo e familiarização com o teste retangular à 80% da Wpico. Na segunda visita os participantes receberam a injeção salina hipertônica e realizaram um teste até a exaustão. Por fim, nas visitas experimentais, os participantes receberam cafeína, paracetamol, cafeína + paracetamol ou placebo e após 50 minutos para a substância ter efeito, eles receberam injeção salina hipertônica, em seguida fizeram o teste até a exaustão. A dor muscular foi avaliada pela escala visual analógica de 12 pontos, sendo que a pontuação 10 correspondia à maior dor experenciada, enquanto o recrutamento muscular foi estimado pela raiz quadrada da média (RMS). O modelo misto foi utilizado para verificar diferença na dor muscular e a na ativação muscular, além do mais, foi analisado a interação entre condição x percentil do tempo de teste (25%, 50%, 75% e 100%), assim como o tempo até a exaustão. O tamanho de efeito foi calculado pelo d de Cohen e foi assumido diferença estatística p<0,05.
Resultados
Foi encontrado diferença entre as condições no tempo até à exaustão (F=2,9; p=0,04; d=0,6), quando comparamos a cafeína isolada com o placebo vimos aumento no tempo (p=0,03). Quando comparamos ao placebo, as condições de cafeína isolada e combinadas com paracetamol reduziram a percepção de dor (F= 4,5; p=0,004; d=0,73). O recrutamento muscular do bíceps femoral foi maior na condição cafeína em comparação com o paracetamol (p=0,03). Por outro lado, não houve efeito entre as condições ao observarmos o recrutamento muscular do vasto lateral.
Discussão
O objetivo do trabalho foi verificar se o modo de administração isolado e combinado de cafeína e paracetamol é capaz de aumentar o tempo até à exaustão, atividade muscular e reduzir a percepção de dor em indivíduos com dor previamente induzida por injeção salina hipertônica. A cafeína isolada foi capaz de aumentar o teste até à exaustão e a redução de percepção de dor, no entanto, quando combinamos com paracetamol nós encontramos apenas os efeitos analgésicos. Desta forma, entende se que não há relação tão linear entre percepção de dor e desempenho físico. Além do mais, observamos que o recrutamento muscular do bíceps femoral aumentou quando comparamos cafeína com paracetamol.
Conclusão
A cafeína isolada apresentou efeitos ergogênico e analgésicos em comparação ao placebo, mas quando combinadas com paracetamol apenas analgésicos. Por fim, observamos um aumento da co-contração muscular após o uso da cafeína em relação ao paracetamol.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Wesley Ribeiro, Ítalo Vinícius, Júlio Cesário, Cayque Brieztke, Gustavo Vasconcelos, Flávio Pires