Dados do Trabalho


Título

Impacto da infecção pela COVID-19 no desempenho esportivo

Introdução e Objetivo

A pandemia de COVID-19 provocou mudanças profundas na vida de atletas, especialmente devido aos efeitos diretos da infecção pelo vírus SARS-CoV-2 no desempenho físico. Além de impactar o sistema respiratório, a COVID-19 pode causar inflamações, alterações na capacidade cardiovascular e muscular, e prolongados períodos de fadiga, mesmo após a recuperação clínica. Esses fatores afetam diretamente o rendimento esportivo, com desafios na retomada de atividades de alta performance. O objetivo desta revisão é analisar como os efeitos da COVID-19 influenciaram o desempenho dos atletas, considerando as manifestações clínicas e as consequências a longo prazo da doença.

Casuística e Método

Para o estudo, foi realizada uma revisão de literatura de 4 anos a partir de 2020, utilizando as bases PubMed e SCOPUS (Elsevier). Os critérios de seleção incluíram estudos compatíveis com o tema, como ensaios clínicos randomizados, ensaios clínicos ou revisões sistemáticas, acessíveis em inglês. Foram encontrados 138 artigos, dos quais 130 foram excluídos por duplicidade, abordagem diferente ou foco na falta de treinamento durante a pandemia, resultando em 8 artigos selecionados.

Resultados

A análise indicou que a COVID-19 impactou o desempenho esportivo em três áreas principais: capacidade cardiorrespiratória, função muscular e saúde psicológica. Atletas infectados experimentaram redução no VO2 máximo e dificuldades respiratórias, afetando seu desempenho aeróbico. Curtis et al. (2021) e Belli et al. (2023) relatam uma queda significativa na eficiência respiratória, prolongando o tempo de recuperação. Além disso, sintomas como fadiga crônica, dores no peito e falta de ar persistiram em muitos atletas, dificultando a retomada das atividades (Souza et al., 2023; Diaz et al., 2023). A função muscular também foi prejudicada, com perda de massa muscular e força observadas por Bruzzese et al. (2021), que notaram alterações na variabilidade da frequência cardíaca, elevando o risco de lesões. Mota et al. (2023) destacam que essas alterações podem prolongar o retorno ao condicionamento pré-COVID. No âmbito psicológico, Anderson et al. (2024) identificaram um aumento nos níveis de ansiedade e depressão dos atletas. A falta de treinamentos regulares e o isolamento social impactaram negativamente atletas não infectados (Springer, 2021).

Discussão

Os resultados confirmam que a COVID-19 afetou significativamente o desempenho esportivo. A redução na capacidade cardiorrespiratória e muscular, especialmente em atletas de resistência, comprometeu a performance. Curtis et al. (2021) e Belli et al. (2023) enfatizam que o VO2 máximo reduzido impacta a resistência aeróbica, crucial para esportes como ciclismo e corrida. A recuperação desses atletas é complexa e requer acompanhamento contínuo (Mota et al., 2023; Bruzzese et al., 2021). A saúde mental também é vital na recuperação; atletas enfrentam desafios físicos e psicológicos. A ansiedade quanto aos efeitos prolongados da COVID-19, combinada com o isolamento social, dificulta o desempenho (Anderson et al., 2024). Intervenções multidisciplinares, com suporte psicológico e fisioterapia, podem ser eficazes (Springer, 2021). A recuperação completa pode levar meses ou anos, dependendo da gravidade da infecção e da resposta ao treinamento. Protocolos de reabilitação adequados são essenciais para garantir a segurança dos atletas e reduzir o risco de recaídas (Diaz et al., 2023).

Conclusão

A COVID-19 gerou impactos significativos e duradouros no desempenho esportivo, afetando a capacidade cardiorrespiratória, função muscular e saúde mental dos atletas. A recuperação exige uma abordagem integrada que aborde aspectos físicos e psicológicos, com monitoramento contínuo para garantir a eficácia do retorno às atividades de alto desempenho. Protocolos de reabilitação abrangentes são essenciais para mitigar os riscos e permitir a recuperação plena dos atletas, possibilitando seu retorno seguro ao esporte competitivo.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Vitor Leite de Almeida, Ronaldo Leite Simões, Otávio Do Bem Berzuíno, Arthur Rodrigues Salenave, Eduardo Crosara Gustin