Dados do Trabalho
Título
A INFLUÊNCIA DA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA SOBRE O METABOLISMO MUSCULAR DA CREATINA QUINASE EM ATLETAS PROFISSIONAIS DE FUTEBOL
Introdução e Objetivo
O treinamento físico vigoroso afeta as relações dos sistemas corporais para transferência de energia alterando acentuadamente o desempenho do trabalho mecânico na contração muscular e produção de marcadores bioquímicos que limitam a performance de atletas profissionais. Estudos sugerem influência da participação do sistema oxidativo na cinética da ressíntese da creatina fosfato pela enzima creatina quinase (CK) e que a recuperação dessas variáveis metabólicas após o estresse físico é dependente da capacidade oxidativa do músculo esquelético. O presente estudo tem como objetivo analisar a relação entre o consumo máximo de oxigênio (VO2pico) e a concentração da Ck durante o período da pré-temporada
Casuística e Método
A amostra foi composta por 29 jogadores profissionais de futebol, no período da pré-temporada, com idade média de 26±6 anos. Os atletas realizaram avaliações bioquímicas (concentração de CK, por meio de coleta de sangue e análise laboratorial) e cardiorrespiratória, (através da ergomespirometria, realizada em esteira ergométrica em protocolo de rampa, com analisador de gases e monitorização das variáveis cardíacas) no departamento de fisiologia do exercício do Santos Futebol Clube (SFC). Os indivíduos foram divididos em tercis de acordo com o VO2pico e a concentração de CK sanguínea determinada em cada um dos tercis.
Resultados
O teste de KolmogorovSmirnov foi utilizado para analisar a distribuição dos dados e análise de regressão pelo método stepwise, demonstrando que a variável CK foi influenciada pelo VO2pico (R2 = 0,57, p < 0,002). Não houve diferença de idade e índice de massa corpórea (IMC) entre os grupos: Idade = (Tercil 1 = 25±5,2; Tercil 2 = 27±5,7; Tercil 3=25±61,4); IMC = (Tercil 1 = 24,4±1,5 kg/m².; Tercil 2 = 24,1±1 kg/m².; Tercil 3 = 24,2±1,1 kg/m²). Como esperado, houve uma diferença significativa em relação ao VO2pico (Tercil 1 = 43,4±0,5 kg/m².; Tercil 2 = 50,1±1 ml.kg.min; Tercil 3 = 55,2±1,1 ml.kg.min). Os dados referentes as concentrações de CK apresentavam concentrações significativamente menores no grupo Tercil 3 quando comparados aos outros dois grupos (Tercil 1 = 351,1±85, Tercil 2 = 320,3±81, Tercil 3 = 183,3±84, p<0,001)
Discussão
O futebol de alta performance possui um calendário cheio ao longo do ano, onde os atletas possuem em média mais de sessenta jogos no mesmo com um espaço de três dias entre um jogo e outro. Claramente não há um tempo hábil para recuperação dos atletas durante a temporada toda. Entender que quanto melhor for o sistema aeróbico do atleta menor será o tempo necessário para recuperação permitindo que o mesmo possa performar em alto rendimento. Realizar os exames no começo da pré-temporada está longe de ser mera formalidade, é preciso identificar em qual nível seu atleta está para montar uma estratégia na qual ele perdure por mais tempo durante a temporada, sendo um benefício ao clube e ao projeto desportivo. Aliar a ciência na performance no esporte de alto rendimento é um avanço inevitável neste meio onde os clubes pioneiras levam a frente.
Conclusão
Concluímos que há uma relação inversa entre o VO2pico e a concentração de CK muscular, refletindo que a maior aptidão aeróbia pode promover efeito protetor contra a fadiga muscular esquelética por incrementar a eficiência do metabolismo energético muscular.
Área
Medicina do Esporte
Autores
Rodrigo Kallas Zogaib, Alef Serrat Pinheiro, Caroline Teixeira, Leandro Masini, Mauricio Zenaide, Alexandre Galvão