Dados do Trabalho
Título
TREINAMENTO SUPERVISIONADO EM PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO MELHORADA E PORTADORA DE CARDIOVERSOR DESFIBRILADOR IMPLANTÁVEL: UMA EXPERIÊNCIA NUM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR
Introdução e Objetivo
A miocardiopatia dilatada é caracterizada por dilatação do ventrículo esquerdo e disfunção contrátil. Além da terapia medicamentosa, os programas de reabilitação cardiovascular (PRCV) têm se mostrado uma ferramenta relevante para o tratamento dessa patologia. O presente relato visa descrever não somente sobre um caso de paciente com miocardiopatia dilatada que obteve melhora da função cardiovascular ao frequentar um PRCV, mas também acerca da segurança de treinamento em uma paciente com essa patologia portadora de CDI. Objetivo: Relatar caso de treinamento supervisionado em paciente com cardiomiopatia dilatada e portadora de cardioversor desfibrilador implantável
Casuística e Método
Paciente feminino de 60 anos natural da cidade de Caxias do Sul no rio grande do Sul.
Relato de caso baseado em prontuários, exames e história clínica do paciente.
Resultados
Paciente, sexo feminino, 60 anos, previamente hígida. Em 2011, apresentou dor torácica e dispneia seguida de síncope, dando início à investigação clínica. Realizou ecocardiograma transtorácico (ECOTT) (18/03/2011) que evidenciou, juntamente com os dados clínicos sugestivos de miocardite, o quadro de miocardiopatia dilatada com FE de 16% pelo método de Simpson. No mesmo ano, iniciou tratamento medicamentoso com Carvedilol 12,5 mg/dia, Espironolactona 25 mg/dia, Clortalidona 25 mg/dia, e Enalapril 5 mg/dia e foi submetida a implante de cardiodesfibrilador implantável (CDI) após episódio de fibrilação ventricular. Um mês após a implantação, realizou novo ECOTT que evidenciou FE de 51%. Em 2022, realizou novo ECOTT demonstrando FE de 69%. No mesmo ano, ingressou num PRCV, no qual a paciente treina três vezes por semana realizando atividade física aeróbica e anaeróbica de intensidade moderada com substancial melhora do consumo de pico de oxigênio (VO2). Em exame cardiopulmonar realizado em 2022, evidenciou VO2 de 16 ml/kg/min ocorrido na frequência cardíaca máxima de 107, atingindo 83% da capacidade funcional predita. Enquanto em 2023, o VO2 foi de 17,4 ml/kg/min ocorrido na frequência cardíaca máxima de 123, atingindo 93% da capacidade funcional prevista.
Discussão
A cardiomiopatia dilatada pode ser definida como uma dilatação ventricular esquerda associada à disfunção sistólica. Existem várias opções de tratamento visando a melhora dos sintomas e redução da mortalidade, desde medicamentos até a colocação de cardiodesfibrilador implantável, sobretudo em pacientes com FEVE reduzida – como no caso descrito acima. Associado a isso, os PRCV são cruciais para a melhora da capacidade funcional desses pacientes, visto que melhoram a função cardiopulmonar. Nesse viés, uma revisão sistemática evidenciou a importância do PRCV, por meio da análise do VO2 máximo, que aumentou entre 8 a 27% no grupo de pacientes que recebeu exercícios de reabilitação em relação ao que não receberam. Ademais, pacientes que sofreram fibrilação ventricular e foram submetidos a colocação de CDI, possuem benefício adicional com a terapia de reabilitação cardíaca, pois além de melhorar a capacidade de exercício, há melhora significativa da função endotelial.
Conclusão
O ingresso num PRCV promove adaptações circulatórias e musculares que o CDI isolado não pode induzir. Em pacientes com implante de CDI, o treinamento físico é seguro, sem aumento de choques ou terapia de estimulação antitaquicardia. Os PRCV são centros com monitoramento individualizado que possibilitam que pacientes com insuficiência cardíaca e portadores de CDI melhorem sua capacidade de exercício (estimulado pelo VO2) com segurança, otimizando o tratamento médico, melhorando o seu estado clínico e supervisionando o correto funcionamento do dispositivo.
Área
Medicina do Esporte
Instituições
Universidade de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Amanda Cortes Molon, Vitor Lamb Bueno, Gabriel Lopes Amorim, Leonardo Dossin, Pedro Lucas Carneiro Ferreira, Olga Sergueevna Tairova