Dados do Trabalho


Título

Efeito do pré-condicionamento isquêmico no desempenho de atletas de natação

Introdução e Objetivo

O sucesso na natação é avaliado pelo tempo para um nadador vencer determinada distância. Um nado rápido, portanto, é baseado na eficiência de nadar sem desperdiçar esforço e na eficácia de se produzir bons resultados. Nessa perspectiva, técnicos e cientistas têm buscado métodos de treinamento e recuperação que garantam aos atletas um ótimo resultado em suas provas. Todavia, há uma janela adicional no dia da competição na qual o desempenho pode ser aprimorado por meio de estratégias, a exemplo do pré-condicionamento isquêmico (PCI). No entanto, apesar dos resultados promissores, os estudos ainda apresentam divergências nos procedimentos metodológicos. Diante dessas lacunas e da busca contínua por técnicas que melhorem o rendimento de atletas, o presente estudo teve como objetivo analisar o efeito do PCI sobre o desempenho de nadadores.

Casuística e Método

Trata-se de uma pesquisa de natureza experimental, com delineamento cruzado. Participaram deste estudo, 12 atletas, praticantes de natação há pelo menos 3 anos. A sessão de PCI foi realizada de forma bilateral, da seguinte forma: 1) nos membros superiores (PCI-MMSS); 2) nos membros inferiores (PCI-MMII) e; 3) nos membros superiores e inferiores, simultaneamente, para os protocolos PCI-MMSS/II e controle (PCI-CONT). Foram realizados 4 ciclos de restrição de 5 minutos cada, alternados com 5 minutos de reperfusão (0 mmHg). Para todos os protocolos, exceto o controle, utilizou-se 80% da pressão necessária para restrição total do fluxo sanguíneo (RTFS) com individualidade na prescrição. No protocolo controle, utilizou-se 10% da pressão necessária para RTFS, por 2 minutos, seguido de 1 minuto a 80% e mais 2 minutos a 10%, alternados com 5 minutos de reperfusão. Após o término do PCI os atletas aguardaram 5 minutos, iniciaram um aquecimento com duração de 5 minutos, e, após 5 minutos, deram início a prova de 100m no nado crawl. Os dados foram analisados no pacote estatístico computadorizado Statistical Package for the Social Sciences (21.0), adotando um P ≤ 0,05.

Resultados

Na comparação do tempo da prova de 100 m, entre os protocolos, não houve diferença estatística (P > 0,05). No entanto, ao observar a diferença absoluta comparada ao PCI-CONT, no tempo individual dos atletas, verificou-se que nas condições PCI-MMSS e PCI-MMII um número maior de nadadores teve redução do seu tempo de prova (66% e 83% respectivamente), em contraste com o protocolo PCI-MMSS/II.

Discussão

Especificamente na natação, ainda não há um consenso sobre a efetividade das diferentes aplicações da técnica de PCI sobre o desempenho físico. Dessa forma, pode ser que os efeitos do PCI possam estar associados a outras variáveis relacionadas às suas diversas formas de aplicação, dificultando, assim, a comparação dos resultados entre pesquisas. Os achados do presente estudo implicam, em números absolutos, numa redução de até 1,4s para o PCI-MMSS e de até 2,2s para o PCI-MMII. Isto posto, a literatura reporta que a redução média de 0,7s no tempo de prova de natação, para além da significância estatística, é de grande significância competitiva para os atletas, uma vez que, apesar da capacidade de resposta de indivíduos não treinados ser grande, atletas competidores apresentam uma janela de adaptação pequena.

Conclusão

Embora o PCI não tenha mostrado melhora estatisticamente significante no desempenho, os protocolos PCI-MMSS e PCI-MMII reduziram individualmente o tempo da prova de natação, em comparação ao PCI-CONT. Esse achado é promissor e pode sugerir um efeito ergogênico do PCI em nadadores.

Área

Medicina do Esporte

Instituições

Universidade Federal da Paraíba - Paraíba - Brasil

Autores

WANESSA KELLY VIEIRA VASCONCELOS, FLÁVIA VIRGÍNIA DANTAS SILVA, HELDER XAVIER BEZERRA, RODRIGO RAMALHO ANICETO, HELEODÓRIO HONORATO SANTOS