Dados do Trabalho

Título

Alterações encontradas durante realização de eletrocardiograma em atletas de futebol em categorias de base em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Introdução e Objetivo

A principal causa de morte de atletas durante a prática de atividades esportivas é a morte súbita. Essa mesma população está propensa, quando exposta a altas cargas de treinamento, apresentar o chamado coração de atleta, uma condição fisiológica que implica remodelação e hipertrofia do ventrículo esquerdo em resposta à alta demanda induzida pelo exercício. Ambas alterações podem se apresentar de forma semelhante no eletrocardiograma de 12 derivações (ECG), sendo fundamental, durante a avaliação pré-participação, diferenciar os achados indicativos de benignidade e os achados que indicam a necessidade de propedêutica mais aprofundada com exames de imagem. Além disso, alterações de repolarização ventriculares podem estar presentes no ECG, necessitando a identificação correta das condições proibitivas à prática esportiva. Portanto, deve-se destacar o papel da avaliação admissional com exame clínico aprofundado e ECG em atletas que estejam ingressando nas categorias de base de clubes profissionais de futebol, para resguardar, tanto a saúde e integridade física e profissional do atleta em questão, quanto a integridade do departamento médico e do clube, como instituição.

Casuística e Método

Para exemplificar a importância da avaliação pré-participação e o limiar das alterações benignas e malignas do ECG, foram utilizados dois casos de atletas em processo de admissão nas categorias de base de um clube de Belo Horizonte. Além disso, artigos publicados nas bases de dados pubmed e scielo foram revisados como respaldo de literatura para as análises realizadas nesse resumo.

Resultados

Durante a avaliação pré-participação dos atletas que estariam ingressando nas categorias de base de um clube profissional, foi demonstrado, na prática, que o limiar entre alterações benignas e malignas é muito estreito e deve ser avaliado com extremo cuidado para resguardar, principalmente, a saúde do atleta. Além disso, em curto espaço de tempo, pode-se presenciar dois casos dentro do departamento médico em um clube de Belo Horizonte, Minas Gerais, em que o ECG foi de suma importância na triagem do atleta, sendo um instrumento de boa sensibilidade para que possíveis causas futuras de morte súbita em atletas sejam evitadas.

Discussão

Em um dos casos, o atleta avaliado apresentou, ao ECG, alterações de repolarização difusa em todas as derivações, discordantes com as alterações consideradas benignas (Inversão de onda T de V1 a V3, em atletas afrodescendentes até 13 anos de idade). Esse atleta passou por propedêutica de imagem com ecocardiograma e ressonância magnética (RNM), que foram conclusivas para a liberação do atleta, por não apresentar alterações estruturais e/ou funcionais condizentes com patologias que contra indiquem a prática esportiva, como a cardiomiopatia hipertrófica. O segundo atleta avaliado, apresentou, ao ECG, fenômeno de pré-excitação ventricular (estreitamento do intervalo P-R e presença de onda delta), que pode evoluir para arritmias sintomáticas, caracterizando a Síndrome de Wolff-Parkinson-White, uma condição de risco para morte súbita cardíaca. Por isso, foi vetado da prática esportiva até que seja realizada ablação da via anômala e este possa retornar à prática esportiva de alto rendimento.

Conclusão

A avaliação pré-participação, com ênfase no eletrocardiograma, é essencial para garantir a segurança dos atletas de base. Os casos apresentados mostram que a diferenciação entre alterações benignas e malignas é crítica. O ECG se mostrou uma ferramenta valiosa na triagem, ajudando a prevenir a morte súbita e assegurando a saúde dos jovens atletas. Essa abordagem rigorosa é fundamental para proteger tanto os atletas quanto a responsabilidade das instituições esportivas.