Dados do Trabalho


Título

Ruptura do latíssimo do dorso e redondo maior em praticante de CrossFit: Relato de Caso

Introdução e Objetivo


As rupturas do latíssimo do dorso (LD) são lesões incomuns, e sua associação com a ruptura do redondo maior é ainda mais rara. Essas lesões costumam ocorrer em atividades que exigem força significativa, como durante movimentos que envolvem a elevação do braço acima da cabeça, especialmente em situações de extensão excessiva ou hiperabdução do ombro.
Este caso clínico descreve a lesão do LD e do redondo maior em um atleta de musculação e CrossFit. O objetivo é descrever a abordagem diagnóstica e terapêutica para essa lesão em um atleta recreativo com alta demanda desta musculatura.

Casuística e Método

Paciente masculino, 33 anos, praticante de musculação e CrossFit, deu entrada no serviço com queixa de perda de força no braço esquerdo e aumento de volume na região toracodorsal, associado à presença de um "cordão" na axila, notado durante a execução do movimento de "bar muscle up". O paciente negou lesões prévias no ombro em questão, além da presença de comorbidades e uso de medicamentos de uso contínuo. O exame físico inicial demonstrou perda de força muscular significativa no membro superior esquerdo, e a ressonância magnética (RM) revelou uma rotura completa do tendão do LD e do redondo maior.

Resultados

Lesões tendíneas do LD e redondo maior são tratadas majoritariamente de forma conservadora, incluindo uso de anti-inflamatórios orais e fisioterapia do ombro. Porém, devido ao relato de presença de cordão no subcutâneo com impacto negativo nas práticas de vida diária, foi proposto reparo cirúrgico de ambos os tendões. Considerando o grau de retração tendínea e a alta demanda funcional do paciente, foi planejada uma reinserção cirúrgica com o objetivo de restaurar a função do membro superior, especialmente para a prática de CrossFit, que requer força e estabilidade da articulação do ombro. O retorno ao esporte ocorreu após 4 meses da cirurgia, o atleta ficou satisfeito com seu desempenho durante a prática.

Discussão

O LD é o músculo mais largo das costas, com fibras musculares que se originam dos processos espinhosos das vértebras torácicas ( T6-T12 ), da fáscia toracolombar e da crista ilíaca. As fibras confluem para formar o tendão muscular, que se insere no sulco intertubercular do úmero, lateral ao redondo maior e medial ao peitoral maior
Dada a raridade da ruptura do LD, especialmente quando combinada à lesão do redondo maior, não existem protocolos de manejo amplamente reconhecidos para essas condições.
O diagnóstico precoce, por meio de avaliação clínica e imagem, é essencial para o planejamento terapêutico, uma vez que a intervenção cirúrgica precoce pode melhorar significativamente os resultados funcionais, principalmente em indivíduos com alta demanda atlética.
O tratamento conservador para lesões do LD e do redondo maior pode resultar em impacto significativo no desempenho esportivo, como observado em um atleta de CrossFit que, após 3 meses, ainda não havia recuperado totalmente sua força em 6 meses. Por outro lado, o tratamento cirúrgico aumenta as chances de retorno ao nível de desempenho anterior, pois possibilita o reparo direto do tendão. Embora a cirurgia apresente riscos, a maioria dos atletas que se submetem a esse procedimento conseguem retomar suas atividades esportivas com a mesma intensidade de antes da lesão. Portanto, a escolha entre os dois tratamentos deve considerar as demandas específicas do atleta.

Conclusão

A abordagem cirúrgica para o reparo da avulsão do LD, associada à lesão do redondo maior, pode restaurar a função e possibilitar o retorno às atividades físicas com desempenho semelhante ao anterior à lesão, quando bem indicada. A decisão entre tratamento conservador e cirúrgico deve ser baseada em fatores como a extensão da lesão, a demanda funcional do paciente e a presença de sintomas persistentes. Este caso enfatiza a importância da individualização no manejo de lesões musculotendíneas em atletas de força, garantindo uma recuperação otimizada.

Área

Medicina do Esporte

Autores

Ana Rita Gonçalves Melo, Isabella da Silva Luz, Arthur Cardoso Paroneto, Alice Dutra Campos , Pedro Rosário Moares Casalenuovo, Paulo Santoro Belangero