Dados do Trabalho


Título

EFEITOS DE OITO SEMANAS DE TREINAMENTO DE FORÇA CONVENCIONAL E FUNCIONAL SOBRE A QUALIDADE MUSCULAR EM MULHERES IDOSAS

Introdução e Objetivo

Lauro Lopes da Silva Junior e Paulo de Tarso Veras Farinatti Universidade Salgado do Oliveira – UNIVERSO, Niterói, Rio de Janeiro.

Uma forma útil e frequentemente aplicada de se avaliar a função muscular durante o envelhecimento, por associar-se estreitamente à capacidade funcional de idosos, é a determinação da qualidade muscular (QM) (Ferrari et al., 2016). Define-se QM como a razão entre força e área de seção transversa muscular, traduzindo o componente neural da força (American College of Sports Medicine, 2009a; Ivey et al., 2000).
O treinamento convencional de força (TCF) sabidamente melhora a QM em idosos, mas há carência de dados sobre os efeitos do treinamento funcional (TF) nessa faixa etária. Pode-se pensar que, em muitos desses estudos, o impacto favorável na função muscular deveu-se a adaptações de caráter coordenativo, de fundo neural (Pereira et al., 2012; Teixeira et al., 2016), portanto, aliás, essa seria a principal vantagem do TF sobre o TCF.
Em função das características do TF, com exercícios relacionados às tarefas cotidianas e altas demandas coordenativas, testou-se a hipótese de seus efeitos sobre a QM serem maiores que os de TCF. O objetivo do nosso trabalho foi Comparar os efeitos de oito semanas de TCF e TF, seguidas de oito semanas de destreino, sobre a QM de mulheres com 60 anos de idade ou mais.

Casuística e Método

Todavia, não localizamos estudos que se propuseram a investigar os efeitos do TF sobre a QM, nem mesmo em indivíduos idosos, que talvez figurem entre os grupos que mais se beneficiariam de adaptações no componente neural da força. Participaram 29 mulheres saudáveis (66,6 ± 6 anos; 72 ± 12 Kg), alocadas em três grupos: TCF, TF e grupo controle (GC). As sessões de treinamento ocorreram 2 vezes por semana, com 60 min e cargas correspondentes a 70 a 85% de 1 RM, foram realizados 10 exercícios no TF e 10 exercícios no TCF. A QM (Kg/cm2) foi calculada através da relação entre força muscular (kg) e área de seção transversa (AST). A AST do braço foi estimada a partir da seguinte equação (Frisancho, 1981): AST braço (cm²) = [PB – (DCB x )]² ÷ (4 x ), onde PB = perímetro do braço dominante, DCB = dobra cutânea do braço. A AST da coxa foi aferida conforme os procedimentos propostos por Mendes-Junior et al., 2012, a partir da seguinte equação: AST coxa (cm²) = 0,649 x [(PC/π – DCC)² - (0,3 – DO)²], onde PC = perímetro de coxa dominante; DCC = dobra cutânea da coxa; DO = diâmetro ósseo de fêmur.

Resultados

Aumentos similares vs. GC (p < 0,05) deram-se na força máxima em TCF (supino 29,7%; leg press 26,8%) e TF (supino 31,8% leg press 27,5%). Diferenças vs. GC (p < 0,05) ocorreram na QM de coxa em TCF e TF (46% vs. 67%, p = 0,05), mas apenas em TF para a QM de braço (48,6%, p = 0,001). Força e QM permaneceram estáveis após o período de destreino, em ambas as modalidades. Diferenças entre QM de braço vs. GC em TF passaram a ser detectadas após destreino (74%, p = 0,001), devido à redução dos valores médios em GC.

Discussão

Intervenções de TCF e TF, utilizando implementos como pesos livres, bandas elásticas e o próprio peso corporal, foram capazes provocar aumentos da ordem de 30% na força muscular das participantes. A QM também respondeu positivamente, com vantagens para TF sobre TCF. Enquanto o TCF induziu melhoria de cerca de 45% nos membros inferiores, após o programa de TF a QM aumentou aproximadamente 70% em membros inferiores e 50% em membros superiores. Isso indica que a prescrição dos exercícios com intensidades controladas e progressivas, mesmo sem auxílio de máquinas, parece ser eficaz para melhorar a função muscular de mulheres idosas nas modalidades de TCF e TF.

Conclusão

TCF e TF realizados com cargas moderadas a altas durante oito semanas foram capazes de melhorar a força máxima de mulheres idosas, mas o impacto de TF sobre a QM pareceu ser maior, principalmente nos membros superiores. A retenção dos efeitos sobre a força e QM revelou-se similar após as duas modalidades de treino.

Área

Medicina do Esporte

Autores

LAURO LOPES DA SILVA JUNIOR