Dados do Trabalho


Título

“Efeitos da Oxigenoterapia Hiperbárica na Performance Esportiva: Uma Revisão de Literatura”

Introdução e Objetivo

O equilíbrio entre treino, competição e recuperação é crucial no mundo do esporte. A regeneração dos atletas após o treino é essencial para evitar fadiga, queda no desempenho e lesões. Nesse cenário, a oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é um tratamento que utiliza oxigênio a 100% sob pressão de 1,5 a 3,0 atm por 60 a 120 minutos, uma ou duas vezes por dia, para acelerar a recuperação dos tecidos, diminuindo hipóxia, inflamação e edema. Embora a OHB seja usada para tratar lesões e fadiga muscular em atletas, trata-se de uma prática médica ainda pouco disseminada. Dessa forma, o objetivo da presente revisão de literatura é analisar estudos que abordam os efeitos da OHB no esporte.

Casuística e Método

Trata-se de uma revisão de literatura utilizando a base de dados Pubmed. Os descritores utilizados foram “Hyperbaric oxygen therapy” AND “sports”. Foram incluídos os estudos que abordassem a relação da terapia hiperbárica de oxigênio com a prática de esportes, entre 2014-2024, sendo encontrados, inicialmente, 107 resultados. Após leitura dos títulos e resumos, 7 artigos foram escolhidos para a presente revisão de literatura. Para exclusão, os critérios escolhidos foram: título, estudos que relacionam a OHB ao tratamento de doenças, oxigenoterapia não hiperbárica e estudos não relacionados aos esportes.

Resultados

Os estudos abordados tiveram diferentes abordagens. Um primeiro ensaio clínico abrangeu 37 atletas saudáveis, com idades entre 40 e 50 anos, que praticavam esportes aeróbios pelo menos quatro vezes na semana com desempenho moderado a alto. Segundo este estudo, houve melhora significativa do desempenho físico dos atletas observados, além de aumento notável de respiração e massa mitocondrial, observados através de biópsias musculares. Ademais, num segundo estudo analisado, onze atletas de jiu-jitsu brasileiro foram inclusos, com uma média de 29,6 anos. Houve investigação durante e após sessões de treinamento, sendo que um grupo de atletas teve recuperação passiva por 2 horas e o restante dos atletas foram direcionados para oxigenoterapia pelo mesmo período. Segundo os autores deste estudo, valores de recuperação pós treinamento foram maiores após OHB aguda. Em contrapartida, uma meta-análise abrangeu 16 estudos relacionados à OHB, cujos resultados demonstraram que os efeitos da terapia pré-exercício e de recuperação não foram estatisticamente significativos (P>0,05). Por fim, encontramos estudos controlados que tiveram como objetos de pesquisa camundongos e ratos, trazendo resultados positivos quanto ao efeito da OHB.

Discussão

A OHB demonstrou aprimorar significativamente o desempenho físico em atletas saudáveis, aumentando parâmetros como VO2Max, VO2 no limiar anaeróbico e potência. Além disso, foi observada uma melhora na respiração mitocondrial e um aumento da massa mitocondrial após exposições intermitentes à OHB. Em contraste, a exposição a uma hiperóxia normobárica ou hiperbárica temporária não gera adaptações mitocondriais de longo prazo. A OHB também promoveu, em ratos, regeneração muscular após lesões, aumentando a força contrátil e acelerando a proliferação e diferenciação de células satélites, redução de inflamação e hipóxia no tecido lesionado e ativando vias celulares cruciais, como a IL-6/STAT3, o que resultou na melhoria da regeneração das fibras musculares e da força muscular.

Conclusão

A OHB, portanto, não só acelera a recuperação muscular, como também otimiza a função mitocondrial, tornando-se uma importante ferramenta tanto na performance física quanto na reabilitação após lesões. Apesar disso, benefícios maiores como alta recuperação de força de contração e diminuição em processos inflamatórios ainda estão em estudos e pouco foi observado em humanos, necessitando mais estudos e pesquisas na literatura devido a essas lacunas.

Área

Medicina do Esporte

Autores

EDUARDO NAVAS, LUCAS LACHMAN, MARCOS GRANDO, PEDRO PAGOTE, FABIANA POSTIGLIONE MANSANI